sábado, 13 de novembro de 2010

Monteiro Lobato era racista...isso eu já sabia

... E acho que já era hora do Brasil discutir abertamente a relação que há entre a clássica literatura infanto-juvenil e a reprodução do racismo no conteúdo das obras de seus escritores ilustres. Afinal, as grandes e melhores produções, que nos encantaram e se perpetuaram foram lançadas e ganharam reconhecimento, principalmente, no pós-abolição. Entre eles, o mais famoso escritor brasileiro da literatura infantil, Monteiro Lobato. Agora, estamos entre a discussão de se impedir a distribuição do livro "Caçadas de Pedrinho" na rede de ensino ou fazer a revisão da obra. Fico com outra opção, que já circula nas redes sociais: rediscutir esta literatura “de época”, sublinhando a contaminação pelos estereótipos e manifestações racistas que carregam, e ainda, escancarar de vez um dos veículos de reprodução do mecanismo racista no nosso país, que é a literatura (adulta e infanto-juvenil). É hora de termos coragem de abrir a discussão e de buscar soluções para que o futuro seja de igualdade, estancando o sofisticado e centenário movimento velado da discriminação racial.

Vale dizer que na vasta obra do escritor paulista o livro “Caçadas de Pedrinho” colocado na pauta do dia, não é o único a reproduzir sua mentalidade escravocrata. Era a linha de pensamento dele e a Tia Nastácia (na verdade inspirada em Anastácia, a babá do filho de Monteiro Lobato) que o diga.

Para encerrar defendo que a sociedade civil, o movimento intelectual negro e principalmente professores e educadores repensem se exterminar uma obra, ou parte da história, não seria um crime para o processo de reparação moral, que precisa ser melhor discutido. Há de se lembrar a duvidosa “boa intenção” (que de boa não teve nada!) de Rui Barbosa, quando mandou queimar os papéis de registros da escravidão no Brasil, para que a história não manchasse o futuro do país e nunca fosse lembrada, ou melhor, passada a limpo. Que professores, educadores, mídia, pais e filhos comecem a folhear as páginas de nossa história, com a chance de limpar as sobras da mentalidade racista que ainda reina nos indicadores sociais do nosso Pais. Vejo nesta discussão uma ótima oportunidade de apresentar as provas do engodo que foi (e é) o discurso da democracia racial, se é que tem alguém ainda acreditando neste assunto!

domingo, 7 de novembro de 2010

Esquema de policiamento durante Fórmula 1 teve falhas

O que aconteceu afinal com o sistema de policiamento e segurança para o evento da Fórmula 1 em Interlagos, neste final de semana? É aceitável que algumas equipes tenham sido vítimas de quadrilhas de assaltantes em São Paulo?
São pelo menos duas das inumeras perguntas que ficam após as notícias de que na área do autódromo e no trajeto comum das equipes, assaltantes conseguiram agir livremente armados contra os visitantes.
Depois de ouvir a "desculpa" do prefeito Gilberto Kassab de que a policia está dando total atenção ao caso da investida contra Button(depois da casa arrombada, é claro!!!), encerro o texto com outras perguntas: não seria o entorno do autódromo e o trajeto comum das equipes o foco principal do sistema de segurança para este final de semana? Onde está o policiamento reforçado? Como será o policiamento na Copa do Mundo, hein? Acelera que dá tempo, porque temos que melhorar e muito!!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Consciência Negra: Livro "A Mão Afro Brasileira - Significado da Contribuição Artística e Histórica" será lançado pelo Museu Afro Brasil

COLUNA DIVERSUS


Museu Afro Brasil promove eventos literários na Programação do Mês da Consciência Negra. Grátis. Classificação Livre



Dia 20, será relançada a obra “A Mão Afro Brasileira – Significado da Contribuição Artística e Histórica”, com 868 páginas, em dois volumes, e apresentação assinada por Fernando Henrique Cardoso


O Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo oferecem uma programação extensa com arte e literatura. Além das 10 exposições simultâneas e um acervo de mais de cinco mil obras o museu terá atividades em comemoração ao Dia da Consciência Negra. Dia 20 de novembro, às 11 horas, será lançada a segunda edição do livro “A Mão Afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica”, organizado pelo artista plástico Emanoel Araujo, atual Diretor-Curador do Museu Afro Brasil. O trabalho maravilhoso resultou em dois volumes com mais 400 páginas, cada uma, e ganhou textos de apresentação do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e do ex-presidente de Portugal, Mario Soares. No dia 23, às 19 horas, em parceria com a Editora Selo Negro lançará três títulos inéditos: “Literatura Negro-brasileira” e “Imprensa Negra no Brasil do século XIX”. Coleção Consciência em Debate; e “João Cândido”, da Coleção Retratos do Brasil Negro.



PROGRAMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA NEGRA – MUSEU AFRO BRASIL:



20/11 – sábado

11:00 – Lançamento do livro – “A Mão Afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica”. Organizado por: Emanoel Araujo. Editora: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Museu Afro Brasil (2ª. edição); Páginas: 886 pp (Volume 1: 448 pp; Volume 2: 420 pp); Tiragem: 5.000 ex; Patrocínio: EDP e Ministério da Cultura/Lei de Incentivo à Cultura ; Artistas destacados/nominata: Aleijadinho, Agnaldo Manoel dos Santos, Antônio Bandeira, Arthur Timótheo, Assis Valente, Bauer Sá, Caetano Dias, Carolina Maria de Jesus, Cruz e Souza, Castro Alves, Estevão Silva, Eustáquio Neves, Gonçalves Crespo, Grande Otelo, Haroldo Costa, Heitor dos Prazeres, Izidório Cavalcanti, Jorge dos Anjos, José do Patrocínio, Juliano Moreira, Luiz Gama, Mestre Valentim, Machado de Assis, Maurino Araújo, Mestre Didi, Manuel Querino, Otávio Araújo, Pixinguinha, Rubem Valentim, Rosana. A publicação contém textos, fotos, reproduções e ilustrações que destacam os célebres artistas afro-brasileiros das artes plásticas, do Barroco e do Rococó; da academia do século XIX; e do modernismo e do contemporâneo do Século XX. Trata da música clássica e popular, da caricatura, da corporação, da literatura e da escravidão. São produções artísticas de personagens da história, do passado e do presente. Paulino, Ruth de Souza, Sidney Amaral, Teodoro Sampaio, Yêdamaria, Walter Firmo, Wagner Celestino, etc...

13:00 – Lançamento do livro “Colonos e Quilombolas – Memória Fotográfica das Colônias Africanas de Porto Alegre. Coordenação: Irene Santos. Editora: Nova Letra Gráfica e Editora Ltda de Blumenau. Páginas: 125. Tiragem: 3.000. Colaboração: Cidinha da Silva, Dorvalina Elvira P. Fialho, Vera Daisy Barcellos, Zoravia Bettrol, Sergio dos Santos Jr. e Claudio Etges. Trabalho de pesquisa com registro histórico e fotográfico da vida negra no sul do Brasil, mostrando os territórios urbanos que foram habitados após a abolição da escravatura.

14:00 – Lançamento do livro “Paula Brito – Editor, Poeta e Artífice das Letras”. Coleção Memória Editorial 7. Organização: José de Paula Ramos Junior, Marisa Midori, Plínio Martins Filho. Editora: Edusp/Com-Arte, 2010. Textos: Oswaldo de Camargo e outros. O livro destaca a história do primeiro editor brasileiro, Francisco de Paula Brito (1809-1861), que foi também jornalista, editor, tipógrafo, tradutor de francês, dramaturgo, letrista, contista e um dos iniciadores do movimento editorial no Brasil. Editou cerca de 372 publicações não-periódicas e publicou várias obras de escritores de sua época, entre os quais, Machado de Assis.



23/11 – terça-feira

19:00 - Lançamento dos livros “Literatura negro-brasileira” e “Imprensa negra no Brasil do século XIX”. Coleção Consciência em Debate; e “João Cândido”, da coleção Retratos do Brasil Negro. Editora: Selo Negro. As coleções, coordenadas por Vera Lúcia Benedito, pesquisadora dos movimentos sociais e da diáspora africana, têm como objetivo debater temas prementes da sociedade brasileira e abordar a vida e a obra de figuras fundamentais da cultura, da política e da militância negra. No livro Literatura negro-brasileira, quarto volume da Coleção Consciência em Debate, o escritor e pesquisador Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, analisa a participação do negro, como personagem, autor e leitor, na literatura brasileira. No livro Imprensa negra no Brasil do século XIX, também da Coleção Consciência em Debate, a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto resgata títulos da imprensa negra oitocentista publicados em cidades e períodos diferentes. Pela Coleção Retratos do Brasil Negro, o jornalista Fernando Granato lança a biografia de João Cândido. A obra revela quem foi esse líder negro, que Granato considera o primeiro herói do século XX. Exatamente no ano em que a Revolta da Chibata completa 100 anos, a obra resgata a história do “Almirante Negro”, um símbolo da luta contra a opressão no Brasil.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Passeata SuperAção será dia 04/12 em SP

COLUNA DIVERSUS

Passeata SuperAção 2010 – dia 4 de dezembro em SP– acontece a 7ª. edição do evento que terá como tema “Incluindo Diferenças em Defesa dos Direitos Humanos”. O movimento chama a atenção para a questão da acessibilidade e da inclusão, lembrando principalmente o Dia Internacional de Pessoas com Deficiência, comemorado em 3 de dezembro. A concentração será na Praça da República e a Passeata seguirá até o Vale do Anhangabaú. Durante o evento e na concentração haverá apresentações artísticas. Já estão confirmados NXZero; Manu Gavessi; Ju Caldas; Projeto Tupã; Rincón Sapienza e Dudé entre outros.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Esta eleição está uma "tiririca"

Assim como muitos brasileiros ainda tenho esperança que nós amemos nossa pátria e o nosso futuro! É imperdoável o que fizeram com o voto, com esse poder legítimo de participarmos dos rumos do nosso país. Assistir o horário eleitoral foi realmente uma violência, uma provocação a um cidadão que leva com responsabilidade e seriedade o seu dia a dia. A democracia é maravilhosa, mas a falta de senso e a enorme irresponsabilidade neste país da impunidade fez brotar várias tiriricas. Aliás, dê uma olhada no significado desta palavra:
A tiririca, uma das principais plantas daninhas, possui um conjunto de bulbos, rizomas e tubérculos subterrâneos, interligados em forma de corrente, de onde surgem as folhas e as hastes florais. Os tubérculos são produzidos nos rizomas e, quando brotam, uma ou mais gemas começam a crescer, produzindo novas plantas com mais tubérculos, garantindo a reprodução e a disseminação da tiririca.

A maior parte dos tubérculos (80%) é formada nos primeiros 20 centímetros de profundidade do solo e pode ficar dormente por longos períodos de tempo, sendo que quanto maior for a profundidade em que estiverem os tubérculos, maior será o seu tempo de sobrevivência no solo.

Quem vai controlar esta praga???? E olha que ainda temos o segundo turno com dois candidatos que querem ambientalizar suas propostas. Só espero que saibam como controlar as tiriricas e seus efeitos daninhos...

Agora só nos resta votar no Saci Pererê para 2014

Parece conversa de saciólogo, daquele que não se cansa de afirmar, que esse personagem brasileiro é o mais autêntico herói tupiniquim. Mas pode acreditar que o moloque travesso anda (ou melhor, pula) reivindicando desde 2008 a participação na campanha para a escolha do mascote da Copa do Mundo de 2014, o megaevento esportivo que acontecerá em terras brasileiras ou como dizem os mais eufóricos, “em terras de saci”. Se depender da Sociedade dos Observadores de Saci, a Sosaci, o negrinho de uma perna só terá vitória esmagadora, pois nenhum outro opositor acumula qualidades a altura para derrotá-lo. Afinal, ele é a síntese da formação da cultura brasileira, com aspectos indígena, negro e europeu.
O problema, é que tão imaginário quanto esse forte candidato, é a escolha para o tal mascote. De acordo com o jornalista Mouzar Benedito, da Sosaci, a verdade é que a CBF – Confederação Brasileira de Futebol, que escolherá o símbolo da competição mundial, ainda não divulgou nenhuma agenda ou intenção de lançar uma campanha nesse sentido. O saciólogo afirma que nos últimos dois anos tem tentado contatos com os cartolas, mas até agora nada. “Nossa campanha está na internet, temos pressionado, mas não tem resposta. Não sabemos oficialmente se a CBF está considerando nossa reivindicação”, diz Benedito. Outro ponto, é que a campanha da Sosaci não consegue quantificar a adesão dos simpatizantes, já que através do site da entidade a ordem é que todos os votos sejam envidados direto para a Confederação. “ O que sabemos é que a mídia abraçou nossa idéia”, afirma.

Mas, dizem que se o Saci Pererê entrar mesmo nessa disputa terá pela frente outros dois fortes oponentes, o Pelezinho, de Maurício de Souza e o Zé Carioca, que na época da guerra fria se transformou em um ícone nacional. Para os saciólogos a ameaça maior está no mercado publicitário, já que o evento movimentará bilhões de dólares em sua organização. “Dificilmente a grande mídia, como a TV Globo, a CBF e as agências vão querer perder alguma parte deste dinheiro, fala-se em U$ 270 bilhões”. O saci é um mito brasileiro de abrangência nacional, de domínio público, um patrimônio imaterial, sem exigência de direitos autorais pelo uso da imagem.



O perneta brincalhão



O argumento é forte. Ninguém discorda que o Brasil deva escolher como mascote da copa do mundo um personagem que represente verdadeiramente a cultura do nosso país. Mas o que dizer de um mito negro, perneta, pelado e que ainda por cima aparece por aí fumando um cachimbo? Para Vladimir Sachetta, curador da exposição “Formas e Pulos – O Saci no Imaginário” em cartaz no Museu Afro Brasil, estes argumentos não são fortes o bastante para derrotar o Pererê. “O que temos que ver é que ele é totalmente brasileiro e não um mito regional, como por exemplo o boitatá e a iara. Ele é ágil, mesmo com uma perna só”. A questão do cachimbo também não é problema. “ Os desenhos do saci já estão transformando a fumaça, em bolinha de sabão, ele é um brincalhão, um protetor das florestas e aceita esta transformação, sem problemas”, completa Mouzar Benedito.

O que importa é que esse mito é verde e amarelo. No início era um indiozinho protetor da floresta. Tinha duas pernas.
Depois foi adotado pelos negros e virou negro.

A perda de uma perna tem
várias histórias. Uma delas é que ele foi escravizado, ficou preso pela perna, com grilhões, e cortou a perna presa. Preferiu ser um perneta livre do que um escravo com duas pernas.
Dos brancos, ganhou o gorrinho vermelho, presente em vários mitos europeus. O gorrinho vermelho era também usado pelos republicanos,
durante a Revolução Francesa. Na Roma antiga, os escravos que se libertavam ganhavam um gorrinho vermelho chamado píleo.
Há quem diga que ele também passeia pela cultura oriental, sendo visto a partir do século XX, passeando pelo bairro da Liberdade, em São Paulo, onde habita a maioria colônia japonesa fora do Japão, aparecendo com os olhinhos puxados, o Sashimi.



Os amantes do Saci

Criada em São Luiz do Paraitinga, a SOSACI é uma ONC (Organização Não Capitalista) que reúne os interessados em valorizar e difundir a tradição oral, a cultura popular e infantil, os mitos e as lendas brasileiras. Seus integrantes acreditam no Saci, na Iara, no Boto, no Curupira, na Cuca, no Boitatá e nos demais entes do folclore nacional.

O objetivo da associação não é caçar nem manter em cativeiro o Saci ou qualquer dos seus parceiros da tradição popular. A meta da SOSACI, como o próprio nome indica, é observar e estudar o insigne perneta e seus companheiros, em suas diversas manifestações, e divulgá-los por meio de textos, músicas e outras artimanhas. Busca, ao mesmo tempo, promover e incentivar a leitura e elaboração de obras comprometidas com nossos valores e raízes.

Nesse sentido, instituiu o 31 de outubro, como o Dia do Saci, sobre o argumento de que o saci simboliza a resistência aos super-heróis e aos personagens dos filmes e desenhos importados, que infestam o imaginário de crianças e jovens. Este mito desafia e enfrenta os estrangeirismos que corroem o idioma nativo, em detrimento da nossa cultura e autonomia. O saciólogos, através de Mouzar Benetido desafiam a CBF: "se ele não puder concorrer, que digam porque não o Saci em 2014?",

Se você apoia a sugestão da SOSACI de termos o Saci como mascote da Copa 2014, encaminhe mensagens diretamente à CBF http://www.cbf.com.br
(Texto de Claudia Alexandre - para edição de outubro/2010 - Revista Afro B)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Museu Afro Brasil lembra Pablo Picasso na comemoração dos 56 anos do Parque Ibirapuera

Museu Afro Brasil comemora os 56 anos do Parque Ibirapuera com a abertura das exposições “A história do Parque – o IV Centenário” e “Guernica Esteve Aqui”

Programação terá música africana, oficinas e lançamento de livros no sábado,21 e desfile de maracatu no domingo, 22

No próximo sábado, dia 21 de agosto, às 15 horas, o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura oferecem uma programação especial em comemoração aos 56 anos do Parque Ibirapuera, fundado em 21 de agosto de 1954. Serão abertas duas exposições integradas “A história do Parque – O IV Centenário” e “ Guernica esteve aqui”. A programação inclui show de música africana com os Cantores do Congo “Nkanda Wambote”, nome que em congolês significa boa notícia; e oficinas de máscaras e adereços.

Haverá também o relançamento de dez edições históricas da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: “A Inexistência da Terra Firme: Imigração Galega em São Paulo – 1946 – 1964”; “Breve História do Estado de São Paulo”, “Caça às Suásticas: O Partido Nazista em São Paulo sob a mira da Polícia Política”;”Desenhando São Paulo: Mapas e Literatura • 1877 – 1954”; “Dicionário de História de São Paulo – Volume XIX (Coleção Paulística)”; “Dois Séculos de Projetos no Estado de São Paulo: Grandes Obras e Urbanização”; “História dos Velhos Teatros de São Paulo – Volume XV (Coleção Paulística)”; “Louça Paulista: As Primeiras Fábricas de Faiança e Porcelana de São Paulo”; “Memorial do Imigrante: A Imigração no Estado de São Paulo”; “São Paulo: Ensaios Entreveros”.

No domingo, 22, às 11 horas, o maracatu Bloco de Pedra, composto por 100 crianças e jovens do Projeto Calo na Mão se apresenta na Arena de Eventos, ao lado do Museu Afro Brasil, onde fará concentração para um desfile pelas áreas do Parque Ibirapuera.

As exposições

Guernica Esteve Aqui – Com curadoria de Emanoel Araujo, a mostra apresenta duas releituras da mais importante obra do século XX, o painel Guernica, de Pablo Picasso, a mais política de todas de suas obras, já que narra um episódio da guerra Civil Espanhola , quando os alemães bombardearam a pequena cidade de Guernica, 1937. No Museu Afro Brasil a homenagem está na visão contemporânea do artista plástico Fernando Ribeiro e na ampliação do cartaz da exposição da obra em Milão (1953). Desde sua fundação em 23 de outubro de 2004, o Museu Afro Brasil ocupa o imponente Pavilhão Manoel da Nóbrega, o antigo Palácio das Nações, sede da Segunda Bienal Internacional de São Paulo. Um evento que teve a iniciativa do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, que criou este importante evento dedicado às artes plásticas internacionais, atraindo para a capital paulista os olhos do mundo. A Bienal trouxe para o Ibirapuera a obra de Pablo Picasso. Sim, o Guernica esteve aqui, no Palácio das Nações, hoje em exposição no Museu Reina Sofia, em Madrid, depois de longos anos de exílio no Museu de Arte moderna de Nova York. Foi realmente um grande desafio a vinda para a América do Sul da mais importante obra do pintor espanhol.

A história do Parque – O IV Centenário - Nas comemorações dos 56 anos do Parque Ibirapuera esta mostra apresenta boa parte dos milhares de objetos produzidos para o IV Centenário de São Paulo, tendo em vista que o próprio Parque foi uma das obras para a dita comemoração. São publicações comemorativas das revistas “O Cruzeiro” e “Manchete”; álbuns de figurinha; coleções de lenços de seda estampados com imagens de São Paulo; miniaturas e coleções de objetos de porcelana com imagens da comemoração dos 400 anos da cidade. Objetos curiosos foram selecionados para mostra como a bandeja com a pintura de Oscar Pereira da Silva com cenas da Fundação de São Paulo; o projeto de Marcos Concílio, que dentro de uma mala antiga reproduziu o símbolo do IV Centenário (2004) e ainda um original do “Álbum do IV Centenário da Fundação de São Paulo”, um presente da Colônia Japonesa à cidade editado com ilustrações coloridas, fotos em preto e branco (capa de couro, 79 páginas, em português-japonês).

A mostra também homenageia dois personagens da historia de São Paulo, Francisco Matarazzo Sobrinho, Presidente da comissão do IV Centenário e grande idealizador da Bienal Internacional de São Paulo, e Diretor do Museu de Arte Moderna, na sua origem, e o arquiteto Oscar Niemeyer autor do extraordinário projeto arquitetônico. “Niemeyer ajudou a valorizar essa grande área verde, hoje uma floresta, com suas alamedas, seus lagos e seus museus e, sobretudo a grande marquise que corre longitudinal, por entre gramados e arvores e arbustos de flores, que emprestam ao cenário um colorido esplendoroso, acrescido mais recentemente pela obra do Auditório. Ele pleiteou há algum tempo um reparo fundamental para completar sua obra a construção da praça entre a Oca e o Auditório, fazendo com que a bifurcação da Marquise chegasse aos dois edifícios. Assim sua obra estaria resolvida como um todo. Ele chegou mesmo a fazer uma maquete do projeto e essa teve aprovação de muitos arquitetos de São Paulo, que entenderam e apoiaram o seu grande desejo, infelizmente não compreendido pelos órgãos municipais do patrimônio”, ressalta o curador, Emanoel Araújo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mat'nália volta de Angola e Moçambique com CD e DVD

Já ouvi, já assiti e viajei através deste talento para Angola e Moçambique, onde foi gravado o novo trabalho "Em África ao Vivo". Não tem como ficar sem balançar na mãe Africa através da música de Mart'nália. Tá no sangue, como diz seu próprio pai, o amado Martinho da Vila: é a festa da raça!
Mar'nália está em São Paulo e vale a pena conferir o lançamento deste novo show, nesta sexta-feira, dia 06 de agosto, às 22 horas, no HSBC Brasil.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Museu Afro Brasil abre espaço para mostra de filmes

A luta do negro norte-americano pelos direitos civis é o pano de fundo das produções que o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura apresenta, a partir do dia 17 de julho, às 14 horas, na inédita mostra de filmes A Saga Negra do Norte, em parceria com a Heco Produções. Com curadoria do cineasta Eugenio Puppo, foram selecionadas onze obras, entre documentários e ficções que retratam diferentes perspectivas de um período crucial para a questão das relações raciais nos Estados Unidos. Entre os filmes estão O Assassinato de Martin Luther King (1993), de Denis Muller; Os Panteras Negras, dirigido por Agnès Varda e Malcom X, de Spike Lee. A mostra termina no dia 15 de agosto e terá sessões sempre às 14 e 17h00, aos sábados e domingos, no Auditório Ruth de Souza, do Museu Afro Brasil. A mostra conta com o apoio de Drew Associates, California Filmes, MPLC BR, Mpi Home Video, Cinemateca da Embaixada Francesa, Warner Bros, Columbia, Magnus Opus, Daylight e Sony.

A Saga Negra do Norte – Sinopses
Não ficção
Crise
Crise, Doc., Dir. Robert Drew (1963), 95 min. Entre os documentários selecionados Crisis, de Robert Drew, é um marco no cinema americano e mundial, tanto pelo conteúdo quando pela forma. Além de mostrar o Presidente Kennedy, cinco meses antes da sua morte, enfrentando uma crise política interna envolvendo dois estudantes negros, o filme se torna um marco na história do Cinema Direto. Robert Drew conseguiu construir uma atmosfera dramática que cresce até o embate final. O clima de tensão é notado no comportamento dos personagens e realçado pela montagem. Classificação: Livre. Dia 18 de julho, às 14 horas; Dia 07 de agosto, às 14 horas.

O assassinato de Martin Luther King
O Assassinato de Martin Luther King, Doc., Dir Denis Muller (1993), 81 min. O filme indica uma conspiração do FBI contra o líder e evidencias que apontam para as mesmas organizações envolvidas no assassinato de Kennedy. Mas ao contrário do caso Kennedy, apenas uma pequena parte da população conhece o que realmente envolve a conspiração sobre o rei. O filme reflete como a mídia e o governo tratavam Martin Luther King Jr na época. O documentário é investigativo e lança uma nova visão sobre a morte de Martin Luther King Jr. Classificação: Livre. Dia 24 de julho, às 14 horas; Dia 08 de agosto, às 14 horas.
Os Panteras Negras
Os panteras Negras, Doc., Dir. Agnès Varda (1968), 31 min.
A história dos direitos civis dos negros americanos mobilizou cineastas mesmo fora dos Estados Unidos. Agnès Varda, uma das precursoras da Nouvelle Vague, dirigiu o filme Os Panteras Negras sobre os vários debates que aconteceram no verão de 1968 em Oakland Califórnia, em torno do processo de Huey Newton, co-fundador e líder inspirador dos Panteras Negras. Reconhecido como o único filme a favor da política extremista dos panteras negras a ser exibido comercialmente em universidades e cineclubes nos Estados Unidos. Classificação: Livre. Dia 24 de julho, às 14 horas; Dia 08 de agosto, às 14 horas.

Sympathy for the Devil
Sympathy for the Devil, Doc., Dir. Jean-Luc Godard (1968), 100 min. Em 1968, os Rolling Stones estavam no auge da sua carreira e Jean-Luc Godard já era cultuado diretor de cinema francês e tomado uma direção política revolucionária na sua carreira. Os bastidores da gravação do álbum Beggar’s Banquet dos Rolling Stones serve como fio condutor para uma análise da contra-cultura ocidental dos anos 60. Examinado questões que faziam a cabeça dos revolucionários de maio de 68 como o papel da mídia, feminismo, sexo, Marxismo-Leninismo, Mao, o movimento dos Panteras Negras e obviamente, os Stones, nos dá uma visão geral sobre o que acontecia de relevante na época. Incompreendido na época do lançamento, Sympathy for the Devil – One Plus One é um dos raros filme que Jean-Luc Godard fez em inglês. Classificação: 16 anos. Dia 18 de julho, às 17 horas; Dia 07 de agosto, às 17 horas.


O Poder do Soul
O Poder do Soul, Doc., Dir. Jeffrey Levy-Hinte (2008), 93 min. Classificação indicativa: 14 anos. O Show Zaire 74, retratado no filme O Poder do Soul, reuniu nada menos que James Brown, BB King, Mirim Makeba, Célia Cruz com Fania All-Stars, Bill Withers, The Crusaders, The Spinners entre outros. Os três dias de show foram concebidos para acompanhar a luta de Muhammad Ali e George Foreman pelo titulo mundial. Além de cobrir a montagem do festival no Zaire (hoje Congo) e a passagem de som dos artistas, o filme mostra, em imagens de bastidores, Muhammad Ali em imagens raras treinando e aproveitando o foco da mídia para criticar asperamente o preconceito contra os negros nos Estados Unidos. O filme mostra a relação entre artistas africanos e americanos no festival, revelando o desejo de aproximação dos artistas americanos com as suas raízes. Classificação: 14 anos. Dia 25 de julho às 14 horas; dia 14 de agosto às 14 horas.



Ficção

Manderlay
Manderlay, Fic., Dir. Lars Von Trier (2005), 139 min. Segunda parte da trilogia de Lars Von Trier EUA – Terra das Oportunidades, o filme Manderlay discorre de forma sutil e cheia de signos, sobre as oportunidades dadas (ou a falta delas) aos escravos negros após a abolição. Inocente e extremamente idealista, a personagem Gracie, acredita que a abolição da escravatura nas leis é o suficiente para a integração dos negros à sociedade. O filme faz uma crítica a idéia de liberdade que além de imposta, vem desassociada de condições econômicas igualitárias. Classificação: 16 anos. Dia 17 de julho, às 17 horas; Dia 01 de agosto às 17 horas.


Malcom X

Malcolm X, Fic., Dir. Spike Lee (1992), 202 min. No premiado Malcolm X o diretor Spike Lee traça a evolução dramática do líder negro, desde sua infância, passando pela prisão, como porta-voz agressivo da Nação do Islã e finalmente, após uma peregrinação a Meca, o poderoso humanista que usou seu dom retórico para repudiar a exclusividade racial. A luta pelos direitos dos negros tornou Malcolm X um dos mais importantes lideres afro-americanos da história. Classificação: 14 anos. Dia 24 de julho, às 17 horas; Dia 01 de agosto, às 17 horas.

Shaft
Shaft, Fic., Dir. Gordon Parks (1971), 100 min. Shaft, de Gordon Parks, uma obra prima do gênero blaxploitation, movimento cinematográfico norte-americano do início da década de 70, onde o negro passava a ser o protagonista e produzir seus próprios filmes. Com trilha sonora de Isaac Hayes, sensualidade, muita ação transcorrendo quase sempre no Harlem, bairro nova iorquino de origem africana, e a ação dos negros lutando contra o crime organizado dos brancos, este filme foi sucesso em sua estréia. Um marco da era Black Power que de tão marcante gerou seqüências cinematográficas e uma série na televisão norte-americana na década de 1970. Classificação: 18 anos. Dia 31 de julho, às 14 horas; Dia 01 de agosto, às 17 horas.

O Nascimento de Uma Nação
O Nascimento de uma Nação, Fic., Dir. D.W. Griffith (1915), 125 min. Dirigido por D.W. Griffith em 1915, utilizando a arte cinematográfica de forma excepcional, o filme O Nascimento de uma Nação apresenta momentos chave dos anos da Guerra da Secessão e do pós guerra, como o assassinato de Lincoln e o nascimento da Ku-Klux Klan. Apesar de ser um dos filmes mais relevantes da história do cinema por apresentar diversas ferramentas que atualmente compõe a linguagem cinematográfica, o filme foi banido em várias cidades dos Estados Unidos devido ao seu posicionamento explicitamente racista e preconceituoso. O filme gerou protestos significantes em seu lançamento. Estréias do filme eram acompanhadas de protestos da recém fundada NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor). Classificação: Livre. Dia 17 de julho, às 14 horas; Dia 01 de agosto às 14 horas.

Sweet Sweetback’s Baadasssss Song
Sweet Sweetback’s Baadasssss Song, Fic., Dir. Melvin Van Peebles (1971), 97 min. Classificação indicativa: 18 anos. Obra prima do movimento blaxpoitation, Sweetback foi aclamado pela sua originalidade e fez uma legião de fãs. Dentre eles Quentin Tarantino, que em seus filmes denota-se forte influencia de Sweet Sweetaback. Após várias recusas dos estúdios de Hollywood em produzir o filme, Melvin Van Peebles resolve financiar Sweetback pessoalmente. Rodado em apenas 19 dias onde além de dirigir e escrever o roteiro, Melvin ainda atuou, montou e distribuiu o filme. O filme é reconhecido pela sua originalidade e foi aclamado entre os Panteras Negras pela sua relação com a luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Classificação: 18 anos. Dia 25 de julho, às 17h00; Dia 14 de agosto, às 17h00.

O Retorno de Sweetback
O Retorno de Sweetback, Fic., Dir. Mario Van Peebles (2003), 108 min. Classificação indicativa: 18 anos. Ganhador de Melhor Filme e Premio da Audiência no Festival Internacional de Filmes da Filadélfia. Parte da seleção oficial dos festivais de Sundance, Berlim e Toronto, O Retorno de Sweetback é alem de um misto de documentário e ficção, um tributo de Mario a seu pai, Melvin Van Peebles, pela revolução no cinema americano, como um dos mestres do gênero Blaxpoitation. O filme é baseado na vida de Melvin Van Peebles focando as dificuldades e barreiras sociais que enfrentou, como o preconceito e a rejeição de seu filme pelos estúdios de Hollywood. Um controverso filme sobre Melvin Van Peebles, um dos grandes expoentes do cinema negro independente dos Estados Unidos. Classificação: 18 anos. Dia 31 de julho, às 17h00; Dia 15 de agosto, às 17h00.

Serviço:
Mostra de Filmes A Saga Negra do Norte
Museu Afro Brasil – Auditório Ruth de Souza
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n. – Parque Ibirapuera – Portão 10
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Horário das Sessões: às 14h00 e 17h00 – Sábados e Domingos
Capacidade: 150 lugares
Ingresso: Grátis
Informações: (11) 5579-0593
Datas:
17/07 - 14h00 – O nascimento de uma nação; 17h00 – Manderlay
18/07 - 14h00 – Crise ; 17h00 – Sympathy for the Devil
24/07 - 14h00 – O Assassinato de Martin Luther King/ Os Panteras Negras; 17h00 – Malcom X
25/07 - 14h00 – O Poder do Soul; 17h00 – Sweet Sweetback’s Baadasssss Song
31/07 - 14h00 – Shaft ; 17h00 – O Retorno de Sweetback
01/08 - 14h00 – O nascimento de uma nação; 17h00 – Manderlay
07/08 – 14h00 – Crise; 17h00 - Sympathy for the Devil
08/08 – 14h00 – O assassinato de Marthin Luther King/ Os Panteras Negras; 17h00 – Malcom X
14/08 – 14h00 – O Poder do Soul; 17h00 - Sweet Sweetback’s Baadasssss Song
15/08 – 14h00 – Shaft ; 17h00 – O Retorno de Sweetback

Serviço:
Fone: 55 11 5579 0593
www.museuafrobrasil.com.br
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Entrada: Grátis Para agendar visitas:

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pérolas Imperfeitas de David Glat

São verdadeiras pérolas...muito mais que perfeitas! É impossível não suspirar diante da pefeição deste artista. David Glat ganha uma exposição individual no Museu Afro Brasil e presenteia os espectadores com sua arte. A mostra "Pérolas Imperfeitas" abre no dia 04 de julho, às 12 horas, e fica até o dia 29 de agosto à disposição.
O fotógrafo apresenta uma nova visão de algumas das mais conhecidas referências históricas e arquitetônicas da cidade de Salvador (Bahia). Imagens com movimento, opulência das formas, monumentalidade, efeitos ilusionistas, predomínio da curva, da contracurva e do retorcido, essa são algumas das principais características associadas ao estilo barroco, também presentes na proposta desta exposição. Com essa abordagem visual David Glat apresenta 16 fotografias em grandes dimensões, onde o artista assume esse caráter de desconstrução do espaço institucionalizado, exercitando o barroco através de uma linguagem visual contemporânea.

O Haiti está vivo ainda lá

Mostra sobre arte religiosa haitiana inclui fotos de Pierre Verger da década de 40 e de Caio Guatelli e Anderson Schneider com a cobertura do terremoto que quase destruiu o país no início de 2010

Retratar a arte religiosa do Haiti pode significar a tentativa de explicar como um povo marcado por traumas e infortúnios encontra forças para reconstruir sua terra natal. A Exposição “O Haiti está vivo ainda lá. Bandeiras, Recortes e Garrafas consagradas ao Vodu , que o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura, inaugura dia 04 de julho, às 12 horas, apresenta cerca de 350 obras inéditas que revelam como os símbolos do cotidiano sagrado e profano servem de alicerce para manter a tradição do país que foi terrivelmente atingido por um terremoto, no início de 2010. Além dos objetos sagrados, a mostra apresenta cerca de 70 imagens produzidas pelos fotógrafos Caio Guatelli e Anderson Schneider, enviados ao Haiti para a cobertura da catástrofe. Há ainda, 11 fotos do pesquisador e antropólogo Pierre Verger, do final dos anos 40. A curadoria é do artista plástico Emanoel Araujo, Diretor-Curador do Museu Afro Brasil. A mostra vai até o dia 29 de agosto.
No dia 06 de julho, das 10h às 18h30 haverá uma ampla discussão sobre o tema, no Seminário “O Haiti está Vivo Ainda Lá”. Três mesas de debate abordarão “Visão Triangular da Religião do Vodu” com o antropólogo Hippolyte Brice Sogbossi, o artista de bandeira haitiana, Yves Télémaque, a ativista voduísta, Euvonie Georges Auguste e o pesquisador Sérgio Ferretti; “Política e Literatura” com o antropólogo José Renato Baptista e a professora Doutora em Letras, Normélia Maria Parise; e “Duas Visões do Terremoto” com Caio Guatelli e Anderson Schneider. Vagas Limitadas. Informações: (11) 5579-0593 ou agendamento@museuafrobrasil.com.br.
Durante a permanência da exposição serão realizadas oficinas e mostra de filmes sobre arte e religiosidade do Haiti. O artista haitiano, Yves Télémaque , 55 anos, considerado um dos maiores artistas vivos de bandeiras do Haiti estará no Brasil especialmente para ensinar ao público um pouco de sua arte. Também serão oferecidas oficinas exclusivas para artistas interessados.

Bandeiras, Recortes e Garrafas

Cores e magias são marcas das bandeiras rituais produzidas em cetim, veludo ou seda artificial. Nas estampas em tons vibrantes, bordadas com miçangas e lantejoulas, apresentam símbolos congos, daomeanos e da cultura ocidental, que se misturam formando um complexo mosaico, com textos cerimoniais africanos, motivos católicos, maçônicos e tapeçaria . As bandeiras desta mostra pertencem ao médico Jacques Bártoli, um dos principais colecionadores da arte haitiana. Cada bandeira é dedicada a um loa (deus do panteão voduísta) específico e contém as cores e representações de seus emblemas simbólicos. Nem todas as bandeiras usadas nas cerimônias do Vodu são abundantemente decoradas como aquelas que podem ser adquiridas em lojas norte-americanas. Algumas bandeiras rituais usadas no início do século XX eram produzidas a partir de uma ou duas peças de tecido colorido, contendo pouca ou nenhuma ornamentação. Após a ampla disponibilidade de lantejoulas e miçangas, o uso de enfeites aumentou de maneira expressiva. Além disso, estimulada pela crescente comercialização, as bandeiras tornaram-se visualmente complexas e confeccionadas por uma grande variedade de motivos decorativos.
A arte dos recortes em chapas de metal, muitas recuperadas dos tambores de óleo e gasolina, são inspiradas nos imaginários religioso e folclórico. As figuras podem representar tanto símbolos diabólicos e cenas católicas como traços decorativos que variam de flores a aves, passando por signos do zodíaco e pelos populares veves, que são desenhos compostos por um conjunto de sinais simbólicos que representam os atributos dos loa (divindades e seres espirituais do Vodu). Já as místicas garrafas são estampadas artesanalmente com diversos materiais. Assim como as bandeiras também são objetos rituais, dedicadas aos deuses voduístas e decoradas com lantejoulas e miçangas em cores vibrantes. Algumas técnicas de colagem permitem a apresentação de uma grande variedade de motivos decorativos.

Diretor curador: Emanoel Araujo
Diretor executivo: Luiz Henrique Marcon Neves
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo - SP - Brasil
CEP: 04094-050
Fone: 55 11 5579 0593
www.museuafrobrasil.com.br
Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Entrada: Grátis
Para maiores informações: faleconosco@museuafrobrasil.com.br
Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.com.br ou
Fone: 55 11 5579 0593 ramal 121

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Homenagem aos jogadores negros do futebol brasileiro

Exposição “De Arthur Friedenreich a Edson Arantes do Nascimento. O negro no futebol brasileiro”, no Museu Afro Brasil

Data Abertura: 19 de junho

Horário: 12 horas

Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/no. – Parque Ibirapuera – Portão 10

Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul

Entrada: Grátis

Término: dia 29 de agosto

Informações: (11) 5579-0593

Para destacar a presença dos jogadores negros na história do futebol brasileiro e homenagear aqueles que verdadeiramente fizeram deste esporte uma paixão nacional, o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo inauguram no dia 19 de junho, sábado , às 12 horas, a exposição “De Arthur Friedenreich a Edson Arantes do Nascimento. O negro no futebol brasileiro”. A exposição contará com reproduções fotográficas, esculturas, objetos, peças promocionais, caricaturas, textos, publicações e filmes biográficos que incluem personalidades desde Arthur Friedenreich, futebolista negro que brilhou nas décadas de 20 e 30, passando pelos craques Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Castilho, Didi, Djalma Santos, Jairzinho, Garrincha e o “rei” Pelé, entre outros . A mostra é também uma homenagem ao futebol brasileiro, no ensejo da Copa do Mundo da África do Sul, historicamente a primeira realizada em território africano. A curadoria é de Emanoel Araujo, Diretor-Curador do Museu Afro Brasil.

A exposição toma como base uma extensa documentação pesquisada em órgãos da imprensa brasileira a partir de 1920 até a Copa do Tri Campeonato Brasileiro em 1970, apresentando textos publicados sobre o assunto como “O negro no Futebol Brasileiro”, de Mário Filho; “Negro, Macumba e Futebol”, do antropólogo alemão Anatol Rosenfeld; as crônicas de futebol “Á Sombra das chuteiras imortais” e “A Pátria em Chuteiras”, de Nelson Rodrigues; “A história do Futebol em São Paulo”, de 1918; biografias dos atletas contemplados na exposição; caricaturas do artista Miécio Caffé , publicadas no jornal A Gazeta Esportiva; do caricaturista Lan; trechos de filmes de Carlos Niemeyer e do cinegrafista Primo Carbonari; filmes biográficos de Mané Garrincha e Pelé; além de poesias de vários poetas brasileiros e músicas relativas ao tema.

Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, foi cantado em verso, prosa e virou sinônimo do Brasil, por seus feitos nos campos e com a bola nos pés. Na exposição ele pode ser visto em obras que destacaram seu brilhantismo, como nas duas esculturas de Humberto Cozzo, na tela de Aldemir Martins (1973) e na fotografia de Madalena Schwatz (Retrato de Pelé ,1982), entre outras. Vale a pena ver de perto a medalha de prata do Ano Comemorativo da Despedida (1974) e as peças, brinquedos e miniaturas inspiradas na figura do “rei”. Outra curiosidade é a coleção de caixas de fósforos lançadas na década de 50, com fotos dos Campões de 58, a primeira Copa do Mundo vencida pelo Brasil.

Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº

Parque Ibirapuera- Portão 10

São Paulo- SP - Brasil

CEP: 040094-050

Fone: 55 11 5579 0593

www.museuafrobrasil.com.br

Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)

Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul

Entrada: Grátis

Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.com.br

terça-feira, 11 de maio de 2010

13 de maio de 2010: Museu Afro Brasil abre exposição e oferece programação especial

A programação inclui lançamentos dos livros "De Valentim a Valentim - a Escultura Brasileira - Séculos XVIII e XX" e "As Artes de Carybé - Las Artes de Carybé"; e show com os baianos Virginia Rodrigues e Tiganá Santana. Grátis

A exposição, Tempos de Escravidão, Tempos de Abolição: Iconografias e Textos apresentará dois diferentes tempos, mostrando documentos históricos, fotografias de época, aquarelas, pinturas, publicações e esculturas de ícones negros abolicionistas. A curadoria é do artista plástico, Emanoel Araujo, Diretor Curador do Museu Afro Brasil. A data escolhida para a abertura da mostra é 13 de maio, dia de reflexão pelos 122 anos da Abolição da Escravatura.
Primeiro, um tempo não definido, da chegada dos escravos no Brasil e em outros países das Américas, mostrando as atrocidades desta instituição infame, através de narrativas sobre navios negreiros, que cortaram o Atlântico com a grande carga humana de mais de 6 milhões de africanos; sem contar aqueles que tiveram o mar como sepultura. São narrativas escritas, desenhadas e pintadas por viajantes, poetas e escritores, que traduziram o sofrimento em célebres poesias como “O Navio Negreiro” de Castro Alves, que também inspirou Cassiano Ricardo e o poeta americano Langston Hughes e, também “A Escravidão” de Joaquim Nabuco. Destaque para o Movimento Abolicionista de 1882 no Estado do Ceará, onde ocorreu a abolição seis anos antes de ser adotada em todo o Brasil. São Tempos da Escravidão. Depois, os Tempos da Abolição destacando grandes personagens da vida pública brasileira, envolvidos com o término da mais terrível exploração humana nas terras das Américas. O poeta Luis Gama; o escritor, romancista e jornalista José do Patrocínio; o engenheiro André Rebouças; Antonio Bento, do Grupo Abolicionista “Os Caifazes” ; o poeta Castro Alves; o médico baiano, Luiz Anselmo da Fonseca, autor do livro “A Escravidão, o Clero e o Abolicionismo” (1887). Destaque para as mulheres nordestinas da Sociedade Abolicionista Feminina: Olegária Carneiro da Cunha, Maria Augusta Generoso Estrela e Carolina Ferraz. Até dia 13 de junho.

O show dos baianos Tiganá Santana e Virginia Rodrigues, com repertório de ritmos africanos e brasileiros, começa às 20 horas. Os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência, na portaria do Museu Afro Brasil. Grátis. Classificação Livre.
Museu Afro Brasil - Organização Social de Cultura
Parque Ibirapuera - Portão 10 - Informações: (11) 5579-0593

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Museu Afro Brasil abre projeto de itinerancia em Diadema

O Espaço Cândido Portinari, no Centro Cultural Diadema, recebe a exposição ‘Emblemas Afro Baianos de Rubem Valentim do Museu Afro Brasil’. A abertura ocorre nesta quarta-feira, dia 5 de maio, às 19h30, e a visitação irá até o dia 16 de junho, de terça-feira a sábado, das 13h às 19h.

Diadema é uma das primeiras cidades a receber esta exposição itinerante em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura SP – Sistema Estadual de Museus e o Acervo do Museu Afro Brasil. O evento terá como enfoque a produção de serigrafias de Rubem Valentim.

O artista é considerado um dos maiores artistas representantes da cultura afro-brasileira. Por volta de 1955 começou a buscar na cultura popular afro-brasileira os elementos que guiariam todo seu trabalho pelo resto da vida, refletido em suas pinturas e esculturas.

Em sua arte, Valentim é reconhecido por utilizar signos que sintetizam os instrumentos e ferramentas peculiares do candomblé por meio de formas geométricas. Dessa forma, elaborou uma espécie de característica que faz com que suas obras possam ser compreendidas por quem entenda as referências da religiosidade afro-brasileira.

Serviço:

Centro Cultural Diadema

Rua Graciosa, 300, Centro

Tel. 4056-3366

terça-feira, 4 de maio de 2010

Dia 13 de Maio de 2010: 122 Anos de Abolição da Escravatura no Brasil

Comemorar ou refletir, não importa. Para mim parece óbvio que por um lado sintamos um alívio nesta data, que marcou o fim de um dos mais cruéis períodos da história da humanidade, além de um longo e vergonhoso trajeto da construção da nossa nação brasileira. Afinal, foram 300 anos de escravidão, no país que foi o último a libertar os negros do sistema escravista. Enfim veio a abolição, mas há quem diga, e com razão, que é ela ainda não se concretizou efetivamente. Nem preciso dizer que ao percorrermos os indicadores sociais, ainda vamos deparar com provas concretas de que a situação da população negra ainda é de desigualdade. Ainda não conquistamos os bancos das universidades, apesar do polêmico sistema de cotas, ainda não ganhamos os mesmos salários de não negros e não negras...ainda somos surrados e mortos pela polícia, de preferência se formos homens e jovens. Se mulheres, ainda estamos no final da fila. Mesmo assim, não podemos deixar de reconhecer o avanço, mesmo que sofrido em todos os setores, graças a luta incessante do movimento negro e da sensibilidade de lideranças que entenderam mesmo que com atraso, o benefício social das políticas públicas de ações afirmativas. Comemorar sim, o 13 de maio de 1888, mas não esquecer que desde o dia 14 de maio de 88 ainda não realizamos o sonho da igualdade de oportunidade. Lá se foram 122 anos...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

COLUNA DIVERSUS - SISTEMA DE COTAS NAS MÃOS DA SUPREMA CORTE

Por Claudia Alexandre

Foram três dias tensos, mas históricos para quem defende o sistema de cotas raciais nas universidades do Brasil. A tensão foi o principal sentimento de dezenas de movimentos sociais que presenciaram a Audiência Pública promovida pelo STF (Superior Tribunal Federal), em Brasília, de 3 a 5 de março. Quem apóia reconhece que é preciso ainda muita discussão com a sociedade civil, instituições de ensino e poder público para que haja a defendida implantação deste, que hoje é considerado um dos pontos mais polêmicos da pauta do movimento negro. De outro lado, os opositores quase que unânimes consideram esta uma questão que convencionaram chamar de “racismo às avessas”. Este pensamento compactuado pela minoria que compareceu à Audiência, se baseia no pensamento de que a proposta é excludente, no momento em que favorece somente afrodescendentes. Outro argumento, que vem sendo combatido, é o de que as cotas comprometeriam a qualidade do ensino. Mas a realidade é outra, pois das 20 melhores universidades públicas do País, 14 adotam algum mecanismo de inclusão racial, segundo dados do próprio Movimento Negro.
Apesar da importância de se consultar a sociedade civil sobre este assunto, a Audiência Pública só foi provocada porque o STF espera julgar até o final do ano, duas ações baseadas na adoação das cotas raciais nas instituições de ensino superior. Se para acontecer o julgamento se baseia na constitucionalidade ou não do sistema de cotas da Universidade de Brasília (UnB). Na instituição, uma comissão decide por foto ou entrevista quem pode ser classificado como negro, pardo ou branco. A outra contestação é sobre a política adotada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que combina dois critérios: os alunos que estudaram em escolas públicas e a cota racial.
De qualquer forma o mal estar foi instalado, para quem acreditava vencer a questão. No final da audiência o resultado foi favorável. As discussões contaram com a participação de 45 especialistas convidados. Desses 28 se posicionaram a favor das cotas raciais nas universidades públicas, 14 foram contra e três adotaram posição neutra.
O resultado, no mínimo, já significa que o discurso do senador Demóstenes Torres (DEM/GO), que é contra o sistema de cotas, terá que ser revisto. Ele chegou a declarar que o “mais justo” seria beneficiar pessoas com menos recursos. Talvez mais uma intenção de formar uma frente que defenda o sistema de cotas sociais, em mais uma tentativa de derrubar a luta pela reparação de séculos de desigualdades e preconceito racial sofrido pela população negra no Brasil. É só buscar os índices sociais e ver que a questão, simplesmente, não deixa de ser racial.

domingo, 4 de abril de 2010

A midia do carnaval e a cultura negra

O carnaval acabou e foram tantas imagens, batuques e gingados a colorir as telas da televisão, a balançar as estações de rádio e enfeitar as páginas de jornais e revistas que, no meio de mais uma folia, o Brasil parecia ter uma sociedade ideal para se viver. Olha a mídia aí gente, despertando da apatia e abrindo seu valioso espaço para o gingado da negritude.

Ao me deparar com esse assédio na euforia carnavalesca, lembro-me que a mais recente pesquisa sobre o comportamento da grande imprensa brasileira diante de assuntos de interesse da população negra mostra uma realidade com um ritmo muito mais lento. A composição parece ter uma nota só, quando revela que no processo de políticas reparadoras a mídia do País, com raras exceções, está longe de ser uma boa parceira.

A prova mais recente está no resultado de uma pesquisa, realizada em São Paulo pelo
Observatório Brasileiro de Mídia, para o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, o Ceert. Os dados, divulgados no ano passado, mostram que na última década a grande imprensa teve comportamento indiferente diante de assuntos relevantes para a população negra, mostrando que neste universo paira o inconsciente eurocêntrico, que fundamentou as relações raciais no Brasil. As publicações analisadas foram Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo e as Revistas Veja, Época e Istoé, portanto uma amostra bem significativa.

Vale dizer, que entre 2001 e 2008, enquanto organizações da sociedade civil se ocupavam em discutir e dar visibilidade às agendas da promoção da igualdade racial e das políticas de ações afirmativas, observou-se que em quase duas mil matérias publicadas, incluindo reportagens, editoriais e artigos, a maioria trazia posicionamentos contrários a pautas com questões raciais. As principais abordagens foram sobre sistema de cotas nas universidades, estatuto da igualdade racial, ações afirmativas e demarcação de terras quilombolas, entre outras.

A política de cotas ocupou boa parte dos noticiários, onde se procurava afirmar que ela promoveria racismo ou provocaria queda no nível dos cursos. Mesmo não tendo confirmação oficial das instituições sobre este argumento, os veículos que mais mostraram posição contrária, não alteraram o discurso. Faltou tratamento igual também na divulgação das pesquisas de diversas instituições (IBGE, IPEA, Sead, Unesco e Ibope...), onde os números mostram o avanço das políticas de ações afirmativas, o que inclui o sistema de cotas nas universidades.

Os noticiários também excluíram praticamente a abordagem sobre a Lei 10.639/03, que obriga as escolas de todo o Brasil a incluir o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira. A partir 2003, o assunto ganhou apenas menções de forma periférica, sem que os veículos tenham problematizado a questão ou buscado dar visibilidade à sua aplicação. Hoje, após sete anos, a implementação desta lei ainda amarga o desinteresse não só da mídia, que poderia impulsionar a divulgação da mesma, como de boa parte de professores e instituições em geral. Não fosse a adoção de políticas públicas de ações afirmativas, com forte participação do Movimento Negro, esta lei não sairia do papel. Como aceitar que num total de 2.186 matérias avaliadas, a lei tenha sido citada em apenas 0,5% dos noticiários pesquisados?

Se o assunto fosse cultura negra o quadro não se alteraria. Embora a pesquisa citada, não tenha se ocupado deste assunto, o universo da arte, da música, da dança, da religião e da literatura também segue no mesmo compasso. Elas sempre permeiam em citações salpicadas, reduzidas e ganham algum destaque em datas pontuais como no Dia da Consciência Negra (com duras críticas ao Feriado de 20 de Novembro), Dia 13 de Maio ou em eventos onde figuram personalidades do mundo da música ou da televisão. Isto sempre sem aprofundamento político ou reflexivo sobre os acontecimentos. No caso de referência aos artistas negras e negros, não é raro as entrevistas deixarem de abordar as questões raciais.

Sendo assim, nesta indisposição da imprensa em abordar as ações que verdadeiramente ajudem o País a avançar no combate à desigualdade racial, é interessante observar, para a imprensa alguns assuntos só são aceitáveis se reforçar a idéia do negro exótico, "folclórico" e caricato.

Para muitos, nada estranho que no país da impunidade, do futebol e do carnaval, passados alguns dias da folia de momo, a vida da passista e o gingado do sambista, não sejam mais capa de jornal. Aliás, a mulata da televisão entrou em férias e o carnaval só volta no ano que vem. Aviso às redações: a cultura negra não é quesito e continua!


Claudia Alexandre – Assessora de Imprensa do Museu Afro Brasil. É jornalista, radialista, professora da área de eventos; Membro da Cojira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo) e da ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros) . Artigo publicado na REVISTA AFRO B (PONTÃO DE CULTURA - maio 2010)

sábado, 20 de março de 2010

Claudia Alexandre no twitter



É ótimo prá ir direto ao assunto, atualizar informações com pessoas interessantes e amigas! Tô no twitter, é só clicar, add, etc e etc...
@claudinhaalex

sexta-feira, 19 de março de 2010

"Auto da Paixão" será encenado no Museu Afro Brasil

COLUNA DIVERSUS
Por Claudia Alexandre


Espetáculo a céu aberto é iluminado à luz de velas. Ingresso: Grátis

Para homenagear as procissões e reisados, típicos do nordeste brasileiro, o Museu Afro Brasil apresentará na Semana Santa, dias 1 e 2 de abril, às 18h30, o espetáculo “Auto da Paixão”, do diretor Romero de Andrade Lima, sobrinho do escritor Ariano Suassuna. Com iluminação à luz de velas, a encenação contará com a participação de 12 atrizes e cantoras que percorrerão o espaço externo do museu, narrando a Paixão de Cristo, através de performances e cânticos. O repertório é composto por toadas de domínio popular, que misturam o sagrado e o profano, como “A chamada das Pastorinhas”, “Anunciação”, “Menino Jesus da Lapa” e “A Descida da Cruz”, entre outras. A montagem utiliza doze retábulos (esculturas) para compor as cenas. No elenco estão Edna Aguiar, Lelena Anhaia, Ligia Veiga, Maria Cristina Marconi, Miriam Maia, Monica Nassif, Nina Blauth, Simone Julian, Tatá Fernandes, Tina Simão, Eduardo Aguiar. Figurinos: Luciana Buarque. Direção Musical: Renata Mattar.

Serviço
Local: Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – Parque Ibirapuera – Portão 10
Funcionamento: de terça a domingo – das 10 às 17 horas (permanência até às 18 horas)
Estacionamento: Portão 3 – Parque Ibirapuera (Zona Azul)
Entrada: Grátis
Informações: (11) 5579-0593

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ed Motta, Sandra de Sá e diversos artistas no evento "Pela Paz - São Paulo é Show", na Praça da Sé

COLUNA DIVERSUS
Por Claudia Alexandre


Dia 21 de Março, quando se comemora o “Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial” acontecerá na Praça da Sé, a partir das 15 horas, um megashow com atrações que vão do samba ao rap, da música pop ao street dance. Ed Motta, Sandra de Sá, Thaíde, Vanessa Jackson, Banda Black Rio, DJ Vila e Trilha Sonora do Gueto entre outros, se apresentarão no projeto “Pela Paz – São Paulo é Show”, que terá como mestre de cerimônias o ator, cantor e bailarino, Sebastian. A realização é da ABBM – Academia Brasileira de Black Music, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, através da SMPP/CONE, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura. Durante o evento serão arrecadados alimentos não perecíveis e doações, que serão destinadas à Cruz Vermelha com o objetivo de beneficiar as vítimas das enchentes em São Paulo e do terremoto no Haiti.
Entre uma atração e outra, serão exibidos no telão imagens sobre a luta dos povos por um mundo melhor. O palco também será ocupado por personalidades das mais diversas áreas da sociedade, como esporte, televisão, teatro e política entre outras, que levarão mensagens contra qualquer tipo de discriminação, além de apelos para ajuda humanitária e pela promoção da Paz. “No momento em que o mundo clama por paz, que pessoas sofrem com as enchentes, em várias partes do Brasil, e que o Haiti padece com as catástrofes provocadas por fenômenos naturais, queremos reunir esforços para minimizar o sofrimento dessas pessoas”, disse o publicitário e presidente da ABBM, Fernando Mukulukusso.

Dia 21 de Março – Em várias partes do mundo ocorrem comemorações nesta data. Foi no dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, que 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular. Quando chegaram ao bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

A ABBM – Academia Brasileira de Black Music - é uma instituição cultural sediada em São Paulo e que trabalha em prol da black music no Brasil. A ABBM tem como objetivos dar suporte técnico e artístico ao gênero no país, fiscalizar as ações socioculturais referente a esse gênero; incentivar o mercado fonográfico - na produção e na comercialização de produto áudio visual , e prestar Serviços de Utilidade Pública. O fundador e presidente é Fernando Mukulukusso, 41 anos, angolano, publicitário, produtor artístico e um dos principais incentivadores da Black Music no Brasil.

Ingressos: grátis (com arrecadação de 1 kg de alimento não perecível, exceto sal e açúcar)
Informações: (11) 3113-9750 ou 3452-9329 - www.abbm.art.br

quarta-feira, 10 de março de 2010

Umbigada, maracatu e outras danças populares são temas de oficina

Projeto “Rosa e Marrom: gênero e raça na arte brasileira” oferece oficina de danças populares no Museu Afro Brasil
Data: Sábado - 13.03.2008
Horário: das 15h30 às 18 h
Grátis
Informações: (11) 5579-0593

Batuque de Umbigada, Maracatu e outras danças populares serão tema da Oficina de Dança, que acontece no próximo sábado, dia 13, a partir das 13h30, no Museu Afro Brasil (Parque Ibirapuera). A atividade faz parte do “Projeto Rosa e Marrom: gênero e raça na arte brasileira” que termina no dia 28 de março e oferece atrações especialmente voltadas para o universo feminino, destacando discussões e atividades que envolvem principalmente questões referentes à mulher negra. A programação inclui visitas temáticas ao acervo da instituição; oficinas de arte e dança; mesas redondas e palestras. As visitas temáticas com as “educadoras” do Núcleo de Educação acontecem das 13h30 às 15h, e demais atividades das 15h30 às 18h.

Neste final de semana a atração será a Oficina de Dança: “A vivência do corpo feminino nas danças populares Batuque de Umbigada e Maracatu”, que será apresentada pela educadora Ariane Neves, graduada em Artes Visuais, especialista em Dança e Expressão Corporal e integrante do Grupo Maracatu Ilê Aláfia. A oficina propõe repensar os conceitos de corpo com ênfase nas expressões femininas, situando-o no cenário das danças populares, especificamente o batuque de umbigada e maracatu de baque virado.

Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n
Parque Ibirapuera - Portão 10
São Paulo / SP - Brasil - 04094 050
Fone: 55 11 5579 0593
www.museuafrobrasil.com.br

domingo, 7 de março de 2010

Salve Jorge!

Jorge sentou praça na cavalaria
e eu estou feliz, porque também
sou da sua companhia...
Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Para que meus inimigos tenham pés e não me alcance
Para que meus inimigos tenham maõs e não me toquem
Para que mesmo um pensamento eles possam ter
para me fazerem mal
Armas de fogo, meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem se o meu corpo tocar..
Cordas e correntes arrebentem, sem o meu corpo amarrar

Porque eu estou vestido com as roupas
e com as armas de Jorge.
Jorge é de Capadócia! Salve Jorge! OgunhÊ....

Dia Internacional da Mulher - A Mulher Negra na TV brasileira

Por Claudia Alexandre

Olhando o meu universo, o da comunicação social, confesso que ao tentar comemorar mais um "Dia internacional da Mulher", ainda não sei como fazê-lo. Não que eu esteja surpresa com a posição em que figuram as mulheres negras na sociedade brasileira, que tem os salários mais baixos e as menores chances de ascensão na carreira em que escolheram, apesar do nível de escolaridade. São dados que infelizmente ainda não conseguimos superar e talvez só o faremos, quando efetivamente tivermos o Sistema de Cotas, como ação afirmativa da sociedade brasileira e deixar de acreditar no discurso de desconstrução da nossa militância, de que esta ação reparadora é "racismo às avessas". O que continua do avesso é a discriminação racial no Brasil!
Bom, voltando ao Dia internacional da Mulher e a Mulher Negra na TV, eu foco o meu olhar na mídia brasileira e na questão racial e de gênero, principalmente no rádio e na TV, onde a visibilidade é a meta.
Por muito tempo, mesmo antes de me formar em jornalismo, assisti a Glória Maria na TV Globo e pensava comigo, "será que só teremos negras apresentadoras nesta emissora quando a Glória Maria sair do vídeo"... E agora que ela saiu, se ela voltar, o que será da Glória??
Alguém pode até dizer, não é bem assim, a "vênus platinada" tem cumprido o seu papel ( e não é só na telenovela, onde finalmente os negros têm família, e estão menos caricatos) temos a Zileide Silva, que está a frente do Bom Dia Brasil e estreou (muito bem, por sinal!), no ano passado comandando algumas edições do Jornal Hoje. E ainda a Dulcinéia Novaes, repórter em Curitiba. Agora, nossa querida Maria Júlia Coutinho, repórter em São Paulo. Mas ainda é muito pouco, e podem acreditar. Sair da reserva da vaga da Glória e salpicar algumas profissionais negras no vídeo, ainda está longe de nos fazer contentar.
Até porque, como líder de audiência, a própria TV Globo criou um estigma que contaminou as outras emissoras. Pois de um tempo prá cá, cada uma contratou a "sua" jornalista negra, expôs no vídeo e pronto! E ainda dizem, aqui não tem discriminação, vale o potencial. Tudo bem, mas será que só tem uma profissional negra prá cada uma. Tá combinado e não se discute! E olhem que se formos pedir cotas, vão dizer que é exagero, perseguição e que estamos praticando o racismo...ou seja, estamos querendo demais!
Quem pode comprovar isso, é quem sente na pele... falo de Joyce Ribeiro, no SBT, que após ficar quase quatro anos, como "a substituta", agora finalmente está no comando do "Boletim de Ocorrências", é o que lhe resta fazer, e ela faz com a maior competência. Aliás competência que já poderia ter sido melhor aproveitada, pois diga-se de passagem, ainda fica a pergunta porque as novatas (que cruzavam as pernas para apresentar telejornal, lembram?) Analice Nicolau e Cintia Benini conseguiram seus lugares na bancada, antes da Joyce, que foi para a emissora para cobrir as folgas de nada mais nada menos que Ana Paula Pradrão? Também tenho que lembrar de outra amiga, a apresentadora Luciana Camargo, da TV Gazeta, que passou brilhantemente pela TV Cultura, Band News e agora, ocupa por várias vezes, a cadeira do Jornal da Gazeta. Nem preciso dizer, que eu sei muito bem, pois já passei por emissoras de rádio e TV, como é a luta destas profissionais nos bastidores e nos corredores das emissoras. Somos prova viva, de que a história de "ter que matar um leão por dia" para garantir seu espaço não é tarefa fácil. Por isso, nesta data dedicada às mulheres não poderia deixar de levantar este assunto, e mandar um abraço e minha admiração por elas, mulheres negras da televisão brasileira"....