sexta-feira, 4 de maio de 2018

Abolicionista negro Luiz Gama será tema de seminário organizado por jornalistas

Luiz Gama será tema de seminário no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Durante o evento promovido pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial será inaugurada placa que reconhece o papel atuante do abolicionista negro na imprensa paulista
Serviço Seminário Luiz Gama Jornalista Local: Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo Endereço: Auditório Wladimir Herzog – Rua Rego Freitas, 530 - sobreloja Data: 17 de maio às 19 horas Público-alvo: jornalistas, estudantes e demais interessados Atividade gratuita, sem necessidade de inscrição. Fone: 3217-6299 A COJIRA-SP – Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, órgão do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo, promoverá no próximo dia 17 de maio, das 19 às 22 horas, o Seminário Luiz Gama Jornalista, destacando o papel pioneiro e a atuação na imprensa do abolicionista negro, no processo de lutas pela assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. O evento, que vai marcar a passagem dos 130 anos da abolição do regime escravista do Brasil, terá como convidados a Professora Doutora Lígia Fonseca Ferreira e o jornalista, ator, escritor e membro da Cojira-SP, Oswaldo Faustino. A mediação será da jornalista e radialista Cinthia Gomes, que é integrante da COJIRA-SP e desenvolve pesquisa de mestrado sobre a autoria negra nos textos jornalísticos de Luiz Gama dentro do Programa de Ciência da Comunicação (ECA-USP). Durante o evento, uma placa de honra ao mérito será inaugurada no Auditório Wladimir Herzog, com o objetivo de assinalar o reconhecimento de Luiz Gama como jornalista atuante em São Paulo. Ligia Fonseca Ferreira, que organizou Luiz Gama em Primeiras Trovas Burlescas e outros poemas (Martins Fontes, 2000), trabalho pioneiro de edição do conjunto da obra poética de Gama, falará sobre o tema "A pena audaz de Luiz Gama, jornalista". Também autora do livro Com a palavra, Luiz Gama. Poemas, artigos, cartas, máximas (Imprensa Oficial, 2011), Lígia Ferreira é bacharel em Letras e Linguística pela Universidade de São Paulo, possui doutorado pela Université de Paris 3 – Sorbonne sobre vida e obra do ex-escravizado, escritor, jornalista e advogado abolicionista Luiz Gama. Tem ainda publicados vários artigos e capítulos de livros sobre o autor. Atualmente, é docente do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Autor do romance A luz de Luiz: por uma terra sem reis e sem escravos (Córrego, 2015), que define como “uma fantasia com pinceladas históricas”, o jornalista Oswaldo Faustino fará uma intervenção, após a palestra de Ligia, destacando a importância de se falar de Luiz Gama para os jovens. Integrante da Cojira SP desde sua fundação, Faustino escreveu também a biografia do escritor e compositor Nei Lopes (Selo Negro/Summus, 2009, Coleção Retratos do Brasil Negro) e o romance histórico A Legião Negra (Selo Negro/Summus, 2010). Jornalista desde 1976 atuou em rádio, TV, revistas e em vários jornais, como Folha de São Paulo e Diário Popular em que foi editor de cultura entre 1985 e 1990, e O Estado de São Paulo, em que atuou como repórter durante 26 anos. Sobre Luiz Gama Luís Gonzaga Pinto da Gama, mais conhecido como Luiz Gama nasceu em 21 de junho de 1830, na cidade de Salvador (BA). Era filho de mãe negra e pai branco, e foi vendido como escravo, pelo próprio pai, aos 10 anos de idade. Permaneceu analfabeto até os 17. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado “o maior abolicionista do Brasil”. Luiz Gama também foi orador, jornalista, escritor e é agora reconhecido como o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil. Foi um dos raros intelectuais negros no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro. Em São Paulo, teve diferentes profissões e posições sociais: escravo do lar, soldado, ordenança, copista, secretário, tipógrafo, jornalista, advogado, autoridade da maçonaria. Ele começou a carreira jornalística, na capital paulista, junto com o caricaturista Ângelo Agostini. Ambos fundaram, em 1864, o primeiro jornal ilustrado humorístico da cidade, intitulado Diabo Coxo. Gama ficou conhecido como advogado dos pobres e libertador dos negros. Em uma carta autobiográfica a Lúcio de Mendonça, Gama estimou que já havia libertado do cativeiro mais de 500 escravos. Gama proferiu uma frase que se tornou célebre: “O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa”. Luiz Gama faleceu em 1882, seis anos antes da sanção da Lei Áurea. E em janeiro de 2018 seu nome entrou para o Livro dos Heróis da Pátria, pela Lei Nº 13.628.