terça-feira, 22 de novembro de 2022

Flip 2022: Editora Aruanda leva livros de Claudia Alexandre e Flávia Pinto para Casa Poéticas Negras

Jornalista e Doutora em Ciência da Religião, Claudia Alexandre, autora do livro "Orixás no Terreiro Sagrado do Samba", participa de atividades na Casa Poéticas Negras levada pela Editora Aruanda (RJ), que tem entre outros lançamentos, “Umbanda Preta”, de Flávia Pinto ...
Começa nesta quarta-feira, dia 22, a 20ª. Flip – Feira Literária Internacional de Paraty. O evento irá até domingo, dia 27 e promete ocupar vários espaços, ruas e já conta com um número maior de parceiros, ampliando a participação de pequenas editoras e artistas independentes. Os espaços do Auditório do Areal, Cinema da Praça e da Casa da Cultura sediarão debates, lançamentos de livros, apresentações musicais, exposições, exibições de filmes, entre outros eventos. Este ano a homenageada é Maria Firmina dos Reis, escritora, negra, maranhense, considerada a primeira romancista brasileira, autora de Ursúla (1859). Além das mesas que acontecem no Auditório da Matriz, uma série de programações paralelas se firma como um importante eixo de conteúdos, expandindo o modo como a Flip qualifica experiências e olha para a ocupação do espaço público, por meio da arte. Este ano mais de 20 espaços, com programações variadas e lançamentos para todos os públicos abrigará pequenas editoras e temas diversos. No auditório principal são esperados nomes como a escritora francesa Annie Ernaux, premio Nobel de Literatura (2022), Saidiya Hartman, Benjamin Labaut, Ana Flávia Magalhães Pinto, Cidinha Silva, Conceição Evaristo e Lázaro Ramos, entre outros. Até 2016, a feira recebia muitas críticas por ser um evento que excluía, por exemplo, autores e autoras negras. Foi o ano em que a poeta Conceição Evaristo, convidada para uma mesa do Itau Cultural disse olhando para o curador do evento que “na medida em que as outras formas não são consideradas, não são lidas, não são divulgadas e não são incorporadas ao sistema literário brasileiro, fica uma lacuna, porque a literatura tem essa possibilidade de ler a nação, estamos lendo uma nação incompleta”. A crítica foi ouvida e o assunto virou manchete de vários veículos da imprensa. A justificativa da coordenação era não ter conseguido agenda de mais convidadas e convidados negros, naquele ano. A reclamação de Conceição Evaristo, reforçada por um manifesto do Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras (UFRJ), surtiu efeito e de lá pra cá a mudança pode ser medida em curva ascendente. Em 2017 houve uma equidade entre homens e mulheres e um aumento de 30% na participação de negros e negras. Em 2019, dos 5 livros mais vendidos na Flip, quatro eram de autoria de negros e negras e um de indígena. De acordo com a organização da Flip 2022 a ideia de dar mais espaço para editoras e autores independentes nasceu de modo a ampliar a experiência compartilhada entre escritores, artistas e o público da festa. O novo espaço localizado no Areal do Pontal, ao lado do Auditório do Areal terá uma área expositiva voltada à comercialização de livros e outras publicações – como cartazes, revistas, zines, etc. – de editores e artistas independentes. Casa Poéticas Negras e novos espaços Na Casa Poéticas Negras, localizada na Rua Comendador José Luiz, 398 (Centro Histórico) haverá uma programação extensa e gratuita, voltada para a valorização e promoção das manifestações artísticas literárias afro-brasileiras e da diáspora. A abertura será nesta quarta-feira, dia 23, às 14h, com “Encontro com o Escritor Francisco Lima Neto, que assina a Coleção Black Power (biografia de Laudelina de Campos Mello, Luiz Gama e Ailton Krenak. O encerramento, no domingo dia 27, será às 21h30 com show do grupo cultural local, Oju iyé iyé – “Do samba ao groove”.
A jornalista e pesquisadora Claudia Alexandre também é uma das convidadas do mesmo espaço e estará apresentando o seu livro Orixás no Terreiro Sagrado do Samba - Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai (Editora Aruanda), na quinta-feira, 24, às 20 h, numa roda de conversa que antecede o show “ÿlDÉ”da cantora Héloa. Na sexta-feira, dia 25, às 20h, Claudia Alexandre estará na Roda de Conversa “Território Matriarcal Ancestral” ao lado da autora Flávia Pinto, que está lançando o livro Umbanda Preta (Editora Aruanda). (Confira a programação completa no site Casa Poéticas Negras). Apesar de paulistana, Claudia Alexandre há 15 anos tem os pés “assentados” na cidade de Paraty, atendendo “um chamado da ancestralidade”. Além de pesquisadora de manifestações culturais afro-brasileiras (sambas e escolas de sambas) e religiosidades negras, é Ebomi de Oxum, no candomblé e dirigente umbandista na cidade de Paraty, onde funciona o terreiro fundado e mantido pela família, em 2003. “Quando cheguei aqui conheci histórias de muita luta e violência aos povos negros escravizados e aos indígenas, que contrasta com a maravilha e o potencial turístico daqui. Naquela época nem existia a Flip. O evento foi chegando e me incomodava muito perceber uma apropriação do lugar e uma exclusão dos saberes que está impresso em cada pedaço dessa cidade”, disse ela, que participa pela segunda vez de uma programação alternativa dentro da Flip. Em 2018, foi uma das autoras convidadas do projeto Samba Sampa, da jornalista Maitê Freitas, que publicou a Coleção Sambas Escritos (Editora Pólen). Os sambas e as religiões afro-brasileiras foram o caminho para seu encontro com o mercado literário. Em 2004 lançou “Escola de Samba Vai-Vai, orgulho da Saracura” e 2005 “Na Fé de Vivaldo de Logunedé – Um pouco do Candomblé na Baixada Santista”. “São temas que mostram experiências históricas desprezadas ao longo do tempo como fonte de saber. Temos que ocupar espaços para que outras narrativas revolucionem nossos conhecimentos sobre esse Brasil e os povos que dele fazem parte. Ler e ouvir com mais atenção mulheres negras, de terreiro, dos sambas, indígenas, lgbtqiapn+ e de outras humanidades pode ser o caminho para reparar desigualdades e melhorar nossa relação com o mundo”, conclui a autora. A programação paralela Flip 2022 Paraty ocupará os seguintes espaços parceiros : Casa Poéticas Negras, Tyiwaras Tikunas, Casa Escreva Garota! Casa Malê, Casa PublishNews, Casa Gueto, Casa Folha, Grupo Editorial Alta Books, Casa Estante Virtual, Casa Ramboll, Livraria das Marés, Casa do Cordel, Casa Record, Casa Mar, Casa da Leitura e Conhecimento, Sesc Santa Rita, Sesc Caborê, Casa Edições Sesc, Casa Paratodos, Livraria Dois Pontos, Espaço Guarani e Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Cotas raciais nas universidades após 10 anos - e a farsa da meritocracia no Brasil (por Claudia Alexandre)

Na lista das incalculáveis dívidas do Estado brasileiro para com a população afrodescendente está a exclusão histórica da população negra – pretos e pardos – do processo de ascensão e mobilidade social no país, desde 13 de maio de 1888, quando da assinatura da Lei Áurea. Para se ter uma ideia, até o final da década de 90, por causa do descaso com a condição social dos negros, apenas 1,8% dos alunos que adentravam as universidades públicas eram negros e negras, mesmo sendo representantes de mais da metade da nossa população. Um quadro geral de desigualdades pode ainda ser observado em todos os setores da sociedade e na distribuição de serviços públicos. Os piores índices de desenvolvimento humano ainda recaem sobre essa população, negra, parda e, logicamente, mais pobre. Nada novo se considerarmos que o Brasil se constituiu com base no racismo estrutural, fazendo uso de mecanismos como democracia racial e a branquitude – dispositivo que se beneficia de privilégios, desprezando completamente o sistema de desigualdades, opressões, intolerâncias e violências raciais, para continuar se apoiando na farsa da meritocracia. Porém a partir de 2003, quando começam a surgir as políticas públicas de ações afirmativas, após um longo período de luta do movimento negro unificado, é possível mensurar o quanto a política institucional desprezava as desigualdades étnico-raciais no Brasil. Ao negar o direito universal de acesso ao ensino de qualidade à população negra impede-se também a melhora das condições socioeconômicas desta parcela de brasileiros e brasileiras. Há exatos 10 anos entrava em vigor a lei 12.711/2012 que instituía a reserva de 50% das vagas de cada curso das instituições federais de ensino superior para estudantes egressos de escolas públicas. Por força de ações do movimento negro as reivindicações que tornavam constitucionais este tipo de ação afirmativa era finalmente reconhecido no país. Porém, é importante reconhecer o pioneirismo de instituições, que mesmo antes da legislação já aplicavam a reserva de cotas raciais em seus vestibulares: Universidade do Estado da Bahia (UnEB); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Estadual de Brasília (UnB), seguidas também em 2003 pela UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Vargas). Em São Paulo o debate ganhou corpo apenas em 2010 e só começou a se efetivar após a promulgação da lei. Foi o que aconteceu com a Unesp (2014), a Unicamp (2017) e por último, com muita resistência, a Universidade de São Paulo (USP), que aprovou em julho de 2017 a política de ações afirmativas raciais e étnico-raciais a partir do Fuvest de 2018. Porém na USP havia um pensamento de que as cotas sociais seriam mais pertinentes. O que sempre foi rebatido pelo movimento negro, que mobilizou instituições, provocou reuniões com o Conselho Universitário, atos públicos nos campos da USP e enfrentou opositores de peso de diversos setores da sociedade, inclusive da mídia. Bem antes da lei, em 30 de maio de 2006, O Jornal Folha de São Paulo chegou a publicar uma carta aberta contra a política de cotas raciais. Entre os que aderiram com suas assinaturas, se colocando contrários à adoção da política de cotas nas universidades brasileiras estavam Caetano Veloso, Ferreira Gullar e a escritora Lilia Schwarcz. Para impedir que a política fosse adiante, o Partido Democratas chegou a levar a questão ao STF, exigindo dos juízes que derrubassem todos os processos que já vinham sendo adotados de inclusão pela Universidade de Brasília. O resultado foi uma resposta dura dos juízes, negando o pedido que impediria as cotas raciais em todo país, o que favoreceu a continuidade do movimento que conquistou em 2012 a aprovação da lei 12.711. Que Brasil é esse em 2022? Após 10 anos de aprovação da lei de cotas raciais nas universidades públicas a questão volta ao centro das discussões, já que a norma prevê uma revisão de sua eficácia agora em 2022, quando a pauta deve voltar ao Congresso Nacional. Há ainda quem considere inaceitável a reserva de vagas em universidades para negros e indígenas, ou seja, são contrários às cotas étnico-raciais e preferem uma reserva de cotas sociais. Há os que defendem o fim deste sistema e há quem queria a sua continuidade, até que haja proporcionalidade cor/raça no ensino superior brasileiro. Até aqui, o Brasil só tem a comemorar. Sabe-se que entre 2010 e 2019 houve um crescimento de quase 400% no número de alunos negros e negras no ensino superior. Este dado faz parte de um levantamento feito pelo senador Paulo Paim, autor do PL 4656/2020, que propõe a continuidade da lei, com ampliação do sistema para todos os cursos de graduação de instituições particulares. Todas as universidades que implantaram o sistema atestam um avanço significativo, não apenas na quantidade, mas na qualidade do ambiente acadêmico com o maior ingresso de alunos negros, negras e indígenas. Na UERJ, a pioneira neste tipo de ação afirmativa, em 2003 recebeu 3.056 alunos pelo sistema de cotas raciais e hoje elevou esse número para mais de 7.000 cotistas matriculados. Certo é que a implementação da Lei de Cotas no Brasil demonstrou em dez anos sua importância e deve ser aperfeiçoada e ampliada, a partir das experiências que foram sendo desenvolvidas ao longo deste período. Ainda é preciso garantir a permanência destes estudantes no ambiente universitário, pois muitos não conseguem se manter porque a questão socioeconômica e de sustento fora da cidade de origem, ainda é uma realidade muito mais importante, do que o medo que ampara o discurso contrário à política de cotas, de que aumentar a presença de negros, negras e indígenas nas universidades, derrubaria a qualidade das nossas universidades. Quando na verdade o que precisamos é derrubar com urgência a estrutura racista que sustenta este pensamento! (Artigo escito para o Jornal Notícias Aclimação & Cambuci - SP. Edição 26/08/2022)

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Ato público em defesa do Quilombo Saracura será dia 2 de julho em frente as obras do metrô no Bixiga

O coletivo Mobiliza Saracura Vai-Vai lançou nesta quinta-feira (23) um manifesto, em defesa do Sítio Arqueológico encontrado recentemente no local da construção da Linha 6 - Laranja do metrô, no bairro do Bixiga. O movimento quer a paralisação imediata da obra, para garantia da preservação do patrimônio encontrado. O documento, assinado até o momento por quase uma centena de entidades do bairro e da cidade, além de coletivos da comunidade científica, convoca ato para o próximo dia 2 de julho, com concentração às 10h no local da futura estação de metrô,  na Rua Dr. Plínio Barreto, entre as ruas Manuel Dutra e Dr. Lourenço Granto. O objetivo é chamar a atenção para um tema de profundo impacto para a população negra e para a cidadania paulistana e brasileira.
Foto: Elton Santana "Queremos o metrô no nosso bairro, mas não deixaremos a história do Saracura, do Bixiga e do povo negro ser apagada", explica o documento, destacando que: "a própria empresa de arqueologia contratada pela concessionária, que toca a obra, afirma que a possibilidade de destruição é "certa", devido às obras". Por isso, os especialistas recomendam um projeto de resgate ecológico".  Além disso o movimento reivindica a troca do nome da futura Estação 14 Bis para Estação Saracura/Vai-Vai. "A praça em frente à futura estação já homenageia Santos Dumont e o 14 Bis. Mas a origem negra e rebelde do bairro, que recebeu de braços abertos os imigrantes italianos, vive reiteradas tentativas de apagamento". Quilombo Saracura e Estação Saracura/Vai-Vai Em 9 de outubro de 1907, uma crônica do jornal Correio Paulistano descrevia assim a região do vale do rio Saracura, no Bixiga: "É um pedaço da África. As relíquias da pobre raça, impellida (sic) pela civilização cosmopolita que invadiu a cidade depois de 88, foi dar alli naquelas furnas. Uma linha de casebres borda as margens do riacho". Passados 115 anos, a escavação para a construção da linha 6-Laranja do metrô encontrou vestígios que comprovam a ocupação da população negra naquele lugar. Os achados motivaram o registro no Iphan de sítio arqueológico classificado como de alta relevância pela equipe técnica. "Trata-se de uma pequena área com vestígios arqueológicos, de transição do século XIX para o XX e primeira metade do XX, localizada às margens do córrego Saracura", informa o cadastro de abril de 2022 (página 43 do projeto de resgate arqueológico feito pela empresa contratada pelo metrô). A área em que os vestígios foram encontrados é apontada há décadas por pesquisadores como o Quilombo Saracura, comunidade do século XIX que deu origem ao bairro do Bixiga. Nesta região nasceu, em 1930, o Cordão Vae-Vae, continuidade dessa resistência negra – as referências ao Quilombo são constantes nos sambas da agremiação. Em 2021, a quadra da escola foi deslocada para novo endereço no bairro em virtude das obras do metrô. Da compreensão do valor desses achados para o direito à memória, à terra e à presença da população negra no bairro e na cidade, o Movimento Estação Saracura Vai-Vai se formou para lutar pela preservação deste sítio, indo aos órgãos responsáveis cobrar a formalização do compromisso. Composto por moradores, sambistas, pesquisadores, militantes negros, o movimento atua pela paralisação da obra até que seja definido um projeto de preservação; por um projeto de educação patrimonial e um memorial no local; pela mudança do nome da estação do metrô de 14 Bis para Saracura Vai-Vai; e pela permanência da população negra na região, de forma que a chegada do transporte não seja agente de gentrificação. O movimento deseja o metrô no bairro, mas quer que o território seja respeitado. "Eu nasci, cresci e tive meus três filhos naquele lugar. Onde era a quadra da Vai-Vai tinha uma fonte e, quando menino, tomei muito banho por ali. Na Saracura Pequena, nas margens do rio, as pretas velhas iam lavar roupa", lembra o jornalista Fernando Penteado, 75, Embaixador Mestre do Samba Paulistano e sambista da Velha Guarda Musical do Vai-Vai, membro de uma das famílias mais antigas do bairro e neto de Fredericão, um dos fundadores da agremiação do Bixiga. “A gente resistiu 50 anos na rua São Vicente, há tempos queriam nos tirar de lá. Só que com o metrô não teve como brigar", lamenta ele, que tem participado do movimento confiante de que ainda há tempo de recuperar as memórias negras do bairro. "Temos que continuar resistindo pela nossa ancestralidade e para que reconheçam que ali sempre foi o Quilombo. Quem vai contar nossa história depois que o metrô chegar?", questiona. A historiadora e doutoranda em arqueologia Marília Calazans, também integrante do movimento, destaca que "o trabalho da arqueologia, apropriado pela comunidade, tem uma potência de transformação social incrível, de mudança radical da maneira com que a gente se relaciona com nosso território e passado, e consequentemente com presente e futuro". Acompanhe: @estacaosaracuravaivai Para informações e agendamento de entrevistas: estacaosaracuravaivai@gmail.com

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Quilombo Saracura: Movimento Saracura-Vai-Vai quer que o IPHAN reconheça vestígios achados nas obras do metrô no bairro do Bixiga

Texto: Claudia Alexandre/Portal Áfricas A primeira reunião do Movimento Estação Saracura-Vai-Vai foi realizada na noite de 13 de maio, no MUMBI – Museu Memória do Bixiga, com a participação de mais de 60 pessoas, presencialmente e on-line.  Entre as organizações representadas estavam Uneafro, Peregun, Cojira-SP, Unafro, Escola de Samba Vai-Vai, Marcha de Mulheres Negras, MNU, MSTC, Instituto Tebas, Movimento da Capela dos Aflitos, Ojú Obinrín – Observatório de Mulheres Negras, mandatos da bancada feminista, Érica Hilton, Leci Brandão, Juliana Cardoso, Luana Alves e Toninho Vespoli, entre outros.  
Foto: Desfile do Cordão Vai-Vai, em fevereiro de 1966. Arquivo/Vai-Vai A iniciativa questiona o andamento da obra de construção da Estação 14 Bis, da Linha 6-Laranja do metrô, na área reconhecida como Sítio Arqueológico Histórico Saracura-14 Bis. No local foram encontrados materiais que estão associados às ocupações negras do início do século 20 (garrafas, louças, entre outros). Parte dos vestígios foram achados entre as ruas Dr. Lourenço Granato e Manoel Dura, próximo ao local onde estava instalada há 50 anos, a sede da Escola de Samba Vai-Vai. A Vai-Vai foi retirada da Rua São Vicente, 276, esquina com a Dr. Lourenço Granato, em novembro de 2021, após um acordo com a concessionária do metrô.  O problema é que o Iphan, baseado em um relatório de impacto ambiental da obra, tem afirmado que os “vestígios arqueológicos” seriam recentes, consequência do aterramento do córrego Saracura e não remetem ao quilombo. De acordo com o arqueólogo Alessandro Luís Lopes de Lima, “a Saracura possui uma longa história de no mínimo dois séculos, surgiu autônoma e se constituiu uma comunidade remanescente de quilombo durante o século 20. Há documentos afirmando a presença de quilombolas desde o início do século 20. Qualquer coisa encontrada ali, faz parte da história dessa população”, afirmou. O principal objetivo é que as obras sejam paralisadas até que a Linha Uni, concessionária da Linha 6-Laranja e IPHAN se posicionem sobre as considerações emitidas pela empresa A Lasca, que realizou o monitoramento arqueológico na área que compreende a Praça 14 Bis e a futura Estação 14 Bis. A Linha 6-Laranja é um consórcio privado, cuja acionista majoritária é a empresa espanhola Acciona. No relatório de impacto ambiental emitido em março de 2021, a empresa confirma que no local foram achados “vestígios arqueológicos”, mesmo assim obras estão em andamento. Na pauta de mobilização estão incluídas a construção de um parecer reivindicando o Sítio Arqueológico do Quilombo Saracura, questionando a dubiedade da análise da empresa A Lasca, que assina o “Projeto de Resgate Arqueológico Sítio Saracura/14 bis”, enviado ao Iphan;   um Manifesto Estação Saracura/Vai-Vai, reivindicando inclusive a alteração do nome da estação do metrô, prevista para ser Estação 14 Bis; além do desenvolvimento de um portal e organização de material audiovisual do Movimento Estação Saracura Vai-Vai. O grupo também contará com o apoio de uma comissão de representação judicial. Para reportagem do Guia Negro, publicada no último dia 13 de maio,  o Iphan respondeu que “o Sítio Saracura-14 Bis-Estação está devidamente cadastrado no Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão e que pesquisas arqueológicas estão sendo desenvolvidas por empresa de consultoria devidamente autorizada, contratada pelo consórcio, no referido sítio arqueológico”.

Estreia do mini-doc Casé Angatu na Capela dos Aflitos será transmitida pelo Canal Alma Preta (youtube) dia 22 de junho, 20h

Na próxima quarta-feira, dia 22, às 20 h, estreia com transmissão pelo Canal Alma Preta Jornalismo (Youtube), o mini doc Casé Angatu na Capela dos Aflitos (2022, 24 minutos, 1080p; legendas em português), produzido pelo historiador Casé Angatu Xukuru Tupinambá em parceria com a União dos Amigos da Capela dos Aflitos e Esquisito Filmes. O enredo tem como tema o debate atual sobre o pagamento da história e de registros sobre territórios indígenas e negros das narrativas sobre a formação da capital paulista.   Após a exibição do filme Casé participa de uma roda de conversa virtual que terá como tema "O Bairro Paulistano da Liberdade: Lugar de Memória Negro-Indígena", com mediação da jornalista e pesquisadora de tradições afro-brasileiras, Cláudia Alexandre e participação de Jaíra Potï (artista, diretora executiva do CPBrazil), Abilio Ferreira (escritor, coordenador do Instituto Tebas de Educação e Cultura) e "Lúcia Juliani* (arqueóloga, sócia diretora da A Lasca Arqueologia).
Capela dos Aflitos no bairro da Liberdade MINI-DOC CASÉ ANGATU NA CAPELA DOS AFLITOS, (2022, 24 minutos, 1080p; legendas em português) Sinopse: Em abril de 2022, após mais de dois anos de interrupção devido à pandemia, o historiador indígena Casé Angatu, autor do livro “Nem tudo era italiano”, voltou a realizar na cidade de São Paulo o curso de extensão Indígenas Identidades Paulistanas. O curso - a Îe’engara - consistiu em rodas de conversas presenciais com cantoria rameada, sendo finalizada em 9 de abril com uma caminhada pelo Centro de São Paulo. Na Capela dos Aflitos (bairro da Liberdade), Casé explicou porque a considera um marco da resistência indígena, negro e popular em Piratininga (São Paulo). Ficha técnica:  Direção: Alexandre Kishimoto e Casé Angatu; Câmera, edição e finalização: Alexandre Kishimoto; Som: José Antônio Alves; Depoimentos: Casé Angatu, Eliz Alves e Wesley Vieira; Produção: Eliz Alves, Wesley Vieira e José Antônio Alves; Uma produção: Casé Angatu, União dos Amigos da Capela dos Aflitos e Esquisito Filmes;

terça-feira, 31 de maio de 2022

Museu do Bixiga em SP promove nesta 5a feira, dia 2 de junho, encontro sobre religiosidades e escolas de samba

A Jornalista e Pesquisadora Claudia Alexandre, autora do livro Orixás no Terreiro Sagrado do Samba, que destaca as tradições religiosas da escola de samba Vai-Vai do tradicional bairro do Bixiga, é uma das convidadas do encontro que debaterá sobre a dimensão sagrada das manifestações carnavalescas no Brasil. ** Nesta quinta-feira, dia 2 de junho, às 19 horas o MUMBI (Museu do Bixiga) em parceria com o Cerne-USP - Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras - convida todos para o painel RELIGIOSIDADES E O CARNAVAL DAS ESCOLAS DE SAMBA - CAMINHOS E ENCRUZILHADAS NA LUTA POR RESPEITO. O encontro terá como convidados a jornalista e Doutora em Ciência da Religião (PUC-SP), Claudia Alexandre, autora do livro Orixás no Terreiro Sagrado do Samba - Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai (Editora Aruanda e Griot Editora); o carnavalesco da Escola de Samba Águia de Ouro (SP), Sidnei França e do historiador, antropólogo e pesquisador da Escola de Samba Grande Rio (RJ), Vinicius Natal. A coordenação e mediação da mesa será do antropólogo Dr. Vagner Gonçalves da Silva, autor do livro "Exu: o guardião da casa do futuro". O Mumbi está localizado na Rua dos Ingleses, 118 - Bela Vista. Evento gratuito.

domingo, 6 de março de 2022

Carnaval 2022: Jornalista Claudia Alexandre é uma das convidadas da bancada do Roda Viva (TV Cultura)

Na segunda-feira, 28 de fevereiro, às 22h, o programa RODA VIVA em clima de Carnaval 2022 recebeu o carnavalesco Leandro Vieira, da Escola de Samba Mangueira @_leandrovieirarj. Na bancada só feras: jornalista Claudia Alexandre @claualex16; cantora Raquel Virginia @raquelvvirginia; a crítica de arte Daniela Name @daniname e os jornalistas Leonardo Bruno @leonardobruno_oficial e Rafael Galdo @rafaelgaldo. Apresentação Vera Magalhães veramagalhaesjornalista. Part. Paulo Caruso @caruso.paulo.
Leandro Vieira assinou o enredo de 2019, Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá, quebrando um jejum de 14 anos, tornando a verde rosa campeã. Irreverente e provocador também em 2019 voltou a conquistar o Campeonato com "História para Ninar Gente Grande", saudando "...marias, mahins, marielles, malês... Este ano, além da Mangueira que vai homenagear Cartola, Jamelão e Delegado, Leandro também prepara o desfile da Escola de Samba Império Serrano, Série A, com o tema-enredo Manangá, sobre o famoso Besouro Managá, capoerista baiano que liderou a resistência negra no período pós-abolicionista. Em 2017, o carnavalesco teve uma rápida passagem pelo carnaval de São Paulo, quando preparou o desfiles da Escola de Samba M Mocidade Alegre - 50 Anos. Esta é a segunda vez que a jornalista Claudia Alexandre participa como convidada da bancada do Rda Viva. Em agosto de 2021, ela foi uma das entrevistadoras da edição que recebeu o cantor, compositor e sambista da Vila Isabel, Martinho da Vila. #rodaviva #claudinhaalexandre #escolasdesambarj #Mangueira #leandrovieira #carnaval2022

Orixás no Terreiro Sagrado do Samba: noite de festa no espaço Mônica Anjos celebra livro da jornalista Claudia Alexandre

Livro Orixás no Terreiro Sagrado do Samba - Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai de Claudia Alexandre aborda a relação estreita das escolas de samba com a ancestralidade negro-africana e a devoção aos orixás numa das comunidades mais antigas do carnaval de São Paulo.
Na noite de sextafeira, dia 4 de março, a estilista baiana, Mônica Anjos, promoveu em seu recém-inaugurado espaço na Vila Madalena (Rua Girassol, 231), um encontro para celebrar um ano do lançamento do livro "Orixás no Terreiro Sagrado do Samba - Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai, da jornalista e pesquisadora Claudia Alexandre. A obra, que foi publicada numa parceria entre a Editora Aruanda (RJ) e Griot Editora (SP) teve lançamento comercial em fevereiro de 2021, mas ainda não tinha sido apresentada em um evento presencial, por causa da pandemia. Os convidados foram recebidos com um pocket-show intitulado "Canto pras Yabás", em repertório exclusivo interpretado pelas maravilhosas cantoras Luana Bayô e Irma Ferreira. Estiveram presentes o cantor Thobias da Vai-Vai (presidente de honra da Escola de Samba Vai-Vai), o radialista Moisés da Rocha (programa O Samba Pede Passagem), o ator e cantor Harry Castro (Bloco Ilú Inã), Luz Borges (Ilu Oba de Min), DJ Evelyn Cristina, Marco Matoli (Clube do Balanço), Vanessa Francisco (Canal GNT), Jaqueline Silva (Canal Rural), Adekunle Aderonmu (presidente do Centro Cultural Africano), o cantor e compositor Maurinho de Jesus, a Embaxatriz do Carnaval Paulistano, Glorinha entre muitos amigos e amigas da autora.
A obra aborda a relação das escolas de samba com a religiosidade, através das tradições de matrizes africanas mantidas pela comunidade da escola de samba Vai-Vai, considerada a agremiação mais negra da cidade de São Paulo. É um livro-dissertação resultado da pesquisa de mestrado em Ciência da Religião concluído em 2017, pela PUC-SP. A jornalista e comunicadora Claudia Alexandre, é uma especialista em carnaval das escolas de samba e manifestações culturais afro-brasileiras, com interesse na presença de mulheres negras nos terreiros do samba e das afroreligiosidades. Ela que pesquisa comportamentos e representações em religiosidades de matrizes africanas, concluiu o doutorado em 2021, após pesquisar por quatro anos a masculinização e a demonizações do orixá Exu na constituições dos candomblés iyrubás mais antigos, da Bahia.
Sobre o Espaço Mônica Anjos O espaço Mônica Anjos Moda com Identidade foi recém inaugurado, na Vila Madalena, pela estilista negra, baiana e famosa por desenvolver um estilo que une um mix de tecidos, formas, cores e texturas em coleções que exaltam as identidades brasileiras. Mônica Anjos integra o time do Afro Fashion Day, em Salvador e traz para São Paulo uma nova forma de apresentar seu talento, relacionando a sua marca de moda com outras expressões: música, arte, literatura, fotografia, gastronomia e todas as linguagens artísticas. Acesse: @marcamonicaanjos.