sábado, 13 de novembro de 2010

Monteiro Lobato era racista...isso eu já sabia

... E acho que já era hora do Brasil discutir abertamente a relação que há entre a clássica literatura infanto-juvenil e a reprodução do racismo no conteúdo das obras de seus escritores ilustres. Afinal, as grandes e melhores produções, que nos encantaram e se perpetuaram foram lançadas e ganharam reconhecimento, principalmente, no pós-abolição. Entre eles, o mais famoso escritor brasileiro da literatura infantil, Monteiro Lobato. Agora, estamos entre a discussão de se impedir a distribuição do livro "Caçadas de Pedrinho" na rede de ensino ou fazer a revisão da obra. Fico com outra opção, que já circula nas redes sociais: rediscutir esta literatura “de época”, sublinhando a contaminação pelos estereótipos e manifestações racistas que carregam, e ainda, escancarar de vez um dos veículos de reprodução do mecanismo racista no nosso país, que é a literatura (adulta e infanto-juvenil). É hora de termos coragem de abrir a discussão e de buscar soluções para que o futuro seja de igualdade, estancando o sofisticado e centenário movimento velado da discriminação racial.

Vale dizer que na vasta obra do escritor paulista o livro “Caçadas de Pedrinho” colocado na pauta do dia, não é o único a reproduzir sua mentalidade escravocrata. Era a linha de pensamento dele e a Tia Nastácia (na verdade inspirada em Anastácia, a babá do filho de Monteiro Lobato) que o diga.

Para encerrar defendo que a sociedade civil, o movimento intelectual negro e principalmente professores e educadores repensem se exterminar uma obra, ou parte da história, não seria um crime para o processo de reparação moral, que precisa ser melhor discutido. Há de se lembrar a duvidosa “boa intenção” (que de boa não teve nada!) de Rui Barbosa, quando mandou queimar os papéis de registros da escravidão no Brasil, para que a história não manchasse o futuro do país e nunca fosse lembrada, ou melhor, passada a limpo. Que professores, educadores, mídia, pais e filhos comecem a folhear as páginas de nossa história, com a chance de limpar as sobras da mentalidade racista que ainda reina nos indicadores sociais do nosso Pais. Vejo nesta discussão uma ótima oportunidade de apresentar as provas do engodo que foi (e é) o discurso da democracia racial, se é que tem alguém ainda acreditando neste assunto!

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