Jornalista e Radialista; Gestora de Eventos; Pós-Doutora Antropologia/USP; Doutora-Mestre Ciência da Religião/PUC; Pesquisa Samba e Afro-religião. Diretora de Comunicação Vôlei Guarulhos. Foi Assessora Museu Afro-Brasil; UESP e Fundação Palmares; Gestora Comunicação/Pref. Guarulhos. Locutora Transcontinental FM e Repórter SBT; Comentarista Carnaval TV Cultura; Âncora PAPO DE BAMBA. Autora: Orixás no Terreiro Sagrado do Samba e Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô. Prêmio Jabuti Acadêmico 2024.
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
Milton Cunha e Célia Domingues inauguram a galeria de "notórios eternos" em noite de samba e animação no Rio de Janeiro
Confesso que foi uma surpresa ter recebido a notícia de que meu nome estava entre os notáveis escolhidos pelo carnavalesco e multiartista, Milton Cunha e pela professora Célia Domingues, para integrar a galeria de "sambistas imortais" da recém-inaugurada Academia Brasiileira de Artes Carnavalescas. A ABAC passa a funcionar no Rio de Janeiro, na Travessa do Oratório, aos moldes da Academia de Letras, que eterniza persolidades de notório saber e produção intelectual, com contribuição máxima para a nossa sociedade.
Além da emoção e da honra é realmente indescritível receber uma ligação do admirado Milton Cunha te agradecendo pelo que você representa. Foi com esse misto de emoção e ansiedade que estive na última terça-feira, dia 1 de outubro, na festa de inauguração da sede da ABAC e fui recepcionada pela alegria e o abraço do presidente e criador desta maravvilha de iniciativa, ao lado da vice-presidente, a Célia Domingues.
Estive acompanhada da minha filha Rubiah e da minha amiga carioca Adelaide Brasil. Lá encontrei sambistas que admirava à distância e que hoje se juntam, por força da ABAC na mesma história que ajudamos a construir, mesmo sem nos encontrarmos antes como Paulinho Mocidade, Carlinhos de Jesus, Aydano André, Kellymar Jesus Ferreira, Sol Montes, Orádia Porciúncula e a maravilhosa carnavalesca Maria Augusta. Honra maior foi abraçar os paulistas Odirley Isidoro e Solange Cruz, presidente da Mocidade Alegre, que estão nessa galeria, assim como meu querido Fernando Penteado, Embaixador do Samba Paulistano, compositor e um dos antigos componentes da Velha Guarda da Vai-Vai, que não esteve na festa mais foi festejado, inclusive com o samba-enredo Simplesmente Elis, do inesquecível carnaval de 2015.
A decoração da nova sede da ABAC é inspirada na montagem de um grande espetáculo carnavalesco, com cores, brilho e até fantasias. Nas paredes, transformada em galeria para os ilustres homenageados, foram fizadas mais de 100 fotos emolduradas de paetês. O salão, onde se formou a roda de samba, possui um pequeno palco e dá acesso para uma área onde estão expostas fantasias e uma bancada com máquinas de costuras e tecidos, representando os grandes artífices do carnaval e também as alas que compõem uma escola de samba. O legado da carnavalesca Rosa Magalhães, que morreu aos 77 anos em julho, logicamente foi celebrado. Ela é uma das imortais do samba reverenciada pela instituição.
Se hoje sou uma "notória eterna" da ABAC - Associação Brasileira de Artes Carnavalescas tenho muito a agradecer aos meus mestres e mestras, mas primeiramente aos meus pais Olivia Alexandre e Luiz Alexandre que desde a infância rechearam minha imaginação com sambas e sambas-enredos, permeados com a fé nos orixás e na força dos nossos ancestrais. Da sala onde tocava na vitrola todos os lançamentos de sambas e sambas-enredos, dos quintais onde sambávamos os finais de semana foram traçados meu caminnho na Comunicação Social, no Jornalismo e no Radio e TV, que teve as portas abertas pelo meu saudoso mestre, Evaristo Carvalho (1932-2014), o grande comandante da Rede Nacional do Samba (Radio Gazeta AM-105FM). Meu primeiro chefe no radio e a quem eu devo ter conhecido os grandes bambas e ter ingressado na profissão de radialista, pelo carnaval das escolas de samba, que é a minha grande paixão! Paixão que eu levei para a universidade, onde defendi na especialização e no mestrado em Ciência da Religião (PUC-SP), que escolas de samba e religiões afro-brasileira, mantém de forma indissociável dinâmicas que atestam as heranças negro-africanas por meio das redes de sociabilidade e solidariedade que continuam pulsando no carnaval brasileiro. Este tema é também explorado no meu livro Orixás no Terreiro Sagrado do Samba - Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai, onde também presto reverências à história da Escola de Samba Vai-Vai, uma das mais antigas e negras agremiações carnavalescas da cidade de São Paulo, que nasceu no negro bairro do Bixiga, guardando memórias do antigo Quilombo do Saracura. Memórias ameçadas com a demolição da sede da escola em 2021, para a construção da linha 6 Laranja, do metrô de São Paulo, um dos projetos mais absurdos de violência ao patrimônio cultural afro-brasileiro da maior metrópole do Brasil.
Enfim, me sinto ainda mais atrelada a história do carnaval brasileiro, hoje como membra da Academia Brasileira de Artes Carnavalescas. Obrigada Milton Cunha e Celia Domingues, por me proporcionarem essa alegria em vida! Axé
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Sambista Imortal: Claudia Alexandre agora é "notória eterna" da Academia Brasileira de Artes Carnavalescas criada por Milton Cunha
“Nossa nova integrante é uma ponte entre o samba e as religiões afro-brasileiras, a grande Cláudia Alexandre”. É o que diz a Academia Brasileira de Artes Carnavalescas (Abac), criada pelo carnavalesco Milton Cunha, em seu perfil oficial no Instagram.
A homenageada é a jornalista, escritora e pesquisadora Cláudia Alexandre, que se destaca por seus estudos sobre a relação entre o samba e as religiões afro-brasileiras. Com formação em Comunicação Social e doutorado em Ciência da Religião, a pesquisadora também escreveu a obra “Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô”, que aponta a persistente demonização e masculinização do orixá Exu como um marco da crescente de intolerância às tradições das religiosidades afro-brasileiras.
Integrante do carnaval paulistano, Cláudia Alexandre analisa a presença de elementos religiosos nas letras, nos ritos e nos símbolos das escolas de samba, com o intuito de revelar a importância das divindades africanas e dos orixás na construção da identidade do samba.
“É com muita honra que recebo a nomeação de sambista imortal da Academia Brasileira de Artes Carnavalescas, criada pelo multi-carnavalesco Milton Cunha. Espero corresponder a esse reconhecimento e me uno aos outros ‘imortais paulistas’. Nosso Carnaval 2025 já será muito especial”, diz Cláudia.
Livro Exu-Mulher vence Prêmio Jabuti Acadêmico 2024 na categoria Ciências da Religião e Teologia
O livro Exu-Mulher e o matriarcado nagô, fruto da tese do Doutorado da jornalista Claudia Alexandre, foi o vencedor da primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024 na categoria Ciência da Religião e Teologia. Claudia é doutora em Ciência da Religião (PUC-SP) e pós-doutorando do curso de Antropologia da FFLCH/USP, sob supervisão do antropólogo prf. Dr. Vagner Gonçalves da Silva.
A cerimônia foi realizada na última terça-feira (6/8), no Teatro Sérgio Cardoso e foi transmitida pelo Youtube da CBL.
A tese foi defendida em 2021 no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da PUC-SP. O exemplar foi divulgado pela editora Fundamentos de Axé.
Segundo Claudia, sua pesquisa sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés yorubá-nagô já havia sido considerada a melhor tese defendida no Pós em Ciência da Religião, no ano de 2021, e indicada para o Prêmio Soter de Teses de 2022." O tema é inédito para o estudos afro-brasileiros e propõe um novo olhar para as consequências da invasão colonial patriarcal na região yorubá, no Continente África. Foi o que despertou interesse da Editora Aruanda, que já havia publicado a minha dissertação de mestrado 'Orixás no Terreiro Sagrado do Samba (Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai)', defendia em 2017 e publicado em 2021, também na Ciência da Religião da PUC-SP.”.
A autora destacou a importância do prêmio para uma mulher negra. “Ter vencido todas as etapas deste prêmio, que representa a partir de agora o principal reconhecimento literário da categoria no Brasil, é uma alegria enorme. Além da emoção que ele proporciona, no meu caso, enquanto uma mulher negra que estuda sobre religiões e tradições afro-brasileiras tem um significado ainda maior, pois é a representação pois é a representação de uma resistência no campo acadêmico, no religioso e no das relações étnico-raciais no Brasil. Sou uma voz em um lugar de disputa atravessada pelo racismo estrutural, sistêmico e religioso. Estudar Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô na Ciência da Religião tem a ver com as minhas vivências de terreiro, mas também com a importância da mudança de paradigmas da disciplina que deve urgentemente se voltar para as novas epistemologias que contemple saberes negros, indígenas, em especial de mulheres negras.
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