segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Haiti está vivo ainda lá

Mostra sobre arte religiosa haitiana inclui fotos de Pierre Verger da década de 40 e de Caio Guatelli e Anderson Schneider com a cobertura do terremoto que quase destruiu o país no início de 2010

Retratar a arte religiosa do Haiti pode significar a tentativa de explicar como um povo marcado por traumas e infortúnios encontra forças para reconstruir sua terra natal. A Exposição “O Haiti está vivo ainda lá. Bandeiras, Recortes e Garrafas consagradas ao Vodu , que o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura, inaugura dia 04 de julho, às 12 horas, apresenta cerca de 350 obras inéditas que revelam como os símbolos do cotidiano sagrado e profano servem de alicerce para manter a tradição do país que foi terrivelmente atingido por um terremoto, no início de 2010. Além dos objetos sagrados, a mostra apresenta cerca de 70 imagens produzidas pelos fotógrafos Caio Guatelli e Anderson Schneider, enviados ao Haiti para a cobertura da catástrofe. Há ainda, 11 fotos do pesquisador e antropólogo Pierre Verger, do final dos anos 40. A curadoria é do artista plástico Emanoel Araujo, Diretor-Curador do Museu Afro Brasil. A mostra vai até o dia 29 de agosto.
No dia 06 de julho, das 10h às 18h30 haverá uma ampla discussão sobre o tema, no Seminário “O Haiti está Vivo Ainda Lá”. Três mesas de debate abordarão “Visão Triangular da Religião do Vodu” com o antropólogo Hippolyte Brice Sogbossi, o artista de bandeira haitiana, Yves Télémaque, a ativista voduísta, Euvonie Georges Auguste e o pesquisador Sérgio Ferretti; “Política e Literatura” com o antropólogo José Renato Baptista e a professora Doutora em Letras, Normélia Maria Parise; e “Duas Visões do Terremoto” com Caio Guatelli e Anderson Schneider. Vagas Limitadas. Informações: (11) 5579-0593 ou agendamento@museuafrobrasil.com.br.
Durante a permanência da exposição serão realizadas oficinas e mostra de filmes sobre arte e religiosidade do Haiti. O artista haitiano, Yves Télémaque , 55 anos, considerado um dos maiores artistas vivos de bandeiras do Haiti estará no Brasil especialmente para ensinar ao público um pouco de sua arte. Também serão oferecidas oficinas exclusivas para artistas interessados.

Bandeiras, Recortes e Garrafas

Cores e magias são marcas das bandeiras rituais produzidas em cetim, veludo ou seda artificial. Nas estampas em tons vibrantes, bordadas com miçangas e lantejoulas, apresentam símbolos congos, daomeanos e da cultura ocidental, que se misturam formando um complexo mosaico, com textos cerimoniais africanos, motivos católicos, maçônicos e tapeçaria . As bandeiras desta mostra pertencem ao médico Jacques Bártoli, um dos principais colecionadores da arte haitiana. Cada bandeira é dedicada a um loa (deus do panteão voduísta) específico e contém as cores e representações de seus emblemas simbólicos. Nem todas as bandeiras usadas nas cerimônias do Vodu são abundantemente decoradas como aquelas que podem ser adquiridas em lojas norte-americanas. Algumas bandeiras rituais usadas no início do século XX eram produzidas a partir de uma ou duas peças de tecido colorido, contendo pouca ou nenhuma ornamentação. Após a ampla disponibilidade de lantejoulas e miçangas, o uso de enfeites aumentou de maneira expressiva. Além disso, estimulada pela crescente comercialização, as bandeiras tornaram-se visualmente complexas e confeccionadas por uma grande variedade de motivos decorativos.
A arte dos recortes em chapas de metal, muitas recuperadas dos tambores de óleo e gasolina, são inspiradas nos imaginários religioso e folclórico. As figuras podem representar tanto símbolos diabólicos e cenas católicas como traços decorativos que variam de flores a aves, passando por signos do zodíaco e pelos populares veves, que são desenhos compostos por um conjunto de sinais simbólicos que representam os atributos dos loa (divindades e seres espirituais do Vodu). Já as místicas garrafas são estampadas artesanalmente com diversos materiais. Assim como as bandeiras também são objetos rituais, dedicadas aos deuses voduístas e decoradas com lantejoulas e miçangas em cores vibrantes. Algumas técnicas de colagem permitem a apresentação de uma grande variedade de motivos decorativos.

Diretor curador: Emanoel Araujo
Diretor executivo: Luiz Henrique Marcon Neves
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo - SP - Brasil
CEP: 04094-050
Fone: 55 11 5579 0593
www.museuafrobrasil.com.br
Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul
Entrada: Grátis
Para maiores informações: faleconosco@museuafrobrasil.com.br
Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.com.br ou
Fone: 55 11 5579 0593 ramal 121

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