sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

COLUNA DIVERSUS: Salve Paula Brito!

Por Claudia Alexandre

É interessante como passear pelos andares do Museu Afro Brasil, em São Paulo, mexe com as emoções! Vá conferir e tente descrever o sentimento que invade o peito e arrebata a mente. É vergonhoso olhar para tanta beleza e saber que tudo isso nos foi negado. A auto-estima do negro brasileiro está ali, entre as mais de cinco mil obras de um acervo que guarda valiosa memória de um povo. Histórias que obrigatoriamente deveriam nos contar. A escola deveria estar ensinando.
Mesmo sendo impossível não se deparar com os registros cruéis da escravidão entre imagens e objetos de castigo e cenas de tortura, o negro ali é sujeito...destes que construiu, que resistiu,que se destacou em vários segmentos da sociedade e que não teve só a senzala e os canaviais como lugar cativo!
Ali há lugares reservados para os sacerdotes, poetas, escritores, escultores, compositores, esportistas, empreendedores, artistas de todas as fontes...negras. Entre elas, um ganha destaque a partir deste mês de dezembro: Francisco Paula Brito. Para quem não sabe (e não aprendeu na escola, como eu!)ele é o primeiro editor brasileiro e portanto, o precursor da história editorial no Brasil.
Sim, ele não só era negro como em plena sociedade escravista foi tipógrafo, litógrafo, editor, jornalista, tradutor, poeta, contista, compositor, teatrólogo e lutou pelo fim da abolição dos escravos. Infelizmente não chegou a viver o suficiente realizar este sonho. Na exposição chamada de Francisco de Paula Britto (1809 - 2009) - 200 Anos do Primeiro Editor Brasileiro estão obras que foram impressas, traduzidas e escritas por este carioca, também considerado um dos primeiros contistas brasileiros. Entre os livros é possível conferir de perto os 37 volumes da gigantesca Coleção Brasiliana, que pertencem à Biblioteca José e Guita Mindlin e foram impressos pelo próprio Paula Brito entre 1837 e 1862. Outras 10 publicações são da coleção particular do Diretor-curador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo, que também assina a curadoria desta mostra. A exposição conta também com painéis, imagens das principais publicações e cenas do cotidiano da cidade natal, Rio de Janeiro do século XIX. A exposição fica no Museu até o dia 25 de janeiro de 2010. Salve Paula Brito!

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