sábado, 12 de setembro de 2009

Encontro reúne Mulheres Negras pela Igualdade em SP

Por: Claudia Alexandre - jornalista
O Conselho Gestor da Coordenadoria dos Assuntos da População Negra (CONE) de São Paulo promoveu no dia 10 de setembro a segunda edição do “Diálogos de Políticas Públicas para a Igualdade”. Desta vez, o auditório do SMPP, no Centro da Capital, teve um público de maioria feminina para discutir sobre o tema “Mulheres Negras em Busca de Igualdade”.
O encontro aconteceu um dia após o anúncio da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, pela Câmara dos Deputados. O alto nível da discussão foi garantido pelas presenças das palestrantes: Dra. Cláudia Patrícia Luna (Presidente da Ela por Elas Vizes e Ações das Mulheres); Profa. Dra. Elisabete Aparecida Pinto (Universidade Federal da Bahia – UFBA); Edna Roland (Coordenadoria da Igualdade Racial de Guarulhos); Dina da Silva Branchini (Mestre em Ciências da Religião na Área da Ciências Sociais) e Jackeline Aparecida Ferreira Romio (Jovens Feministas Negras).
As convidadas foram unânimes em apresentar dados que ainda colocam a mulher negra em posição desfavorável nos segmentos da sociedade, apesar da luta incessante do Movimento Negro e dos avanços esperados com a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e seus dispositivos.
Dra. Cláudia Luna, advogada e presidente da ONG Elas por Elas Vozes falou sobre a evolução da mulher negra, a partir do processo da abolição da escravatura, lembrando que apesar de ter ocupado espaço público para trabalhar, muito antes da mulher branca, as negras demoraram muito para serem inseridas no movimento feminista. A professora e mestra Diná da Silva, apresentou dados de uma pesquisa inédita realizada junto às mulheres negras cristãs, avaliando a situação no universo das religiões evangélicas. Ela mostrou que a questão racial não tem um discurso aberto por desta comunidade, ainda escondido sob a alegação de que “perante Deus todos somos iguais”. Outro dado, é que entre as poucas “pastoras” ou líderes religiosas cristãs, a negra ainda não tem oportunidades.
O movimento negro jovem também está buscando seu espaço através de grupos que discutam suas próprias necessidades. O “Jovens Feministas”, representado pela professora Jackeline Aparecida, discute atualmente, entre outros problemas dos jovens negro e negras, uma questão principal: a violência. “ A violência doméstica e urbana tem e deve ser nossa preocupação”, afirmou a jovem.
O ponto alto do encontro foi a mesa formada pela ativista Edna Roland e pela professora e doutora Elisabete Pinto da UFBA. Edna foi uma das fundadoras da ONG Gelede’s, Relatora da Conferência Mundial contra o Racismo – Durban, 2001, representante da Coordenadoria da Mulher e da Igualdade Racial e ainda Coordenadora da Área de Combate ao Racismo e Discriminação da UNESCO no Brasil. Ela falou sobre a pequena participação da mulher negra na política do nosso País e da dificuldade para exercer a terceira jornada da militância político-partidária. “O poder no Brasil é masculino e branco. Além dos mais, os partidos não têm respeitado a cota de 30% de candidatura de mulheres. O pior é que não sofrem nenhuma sanção por isso”, disse ela.
A Dra. Elisabete encerrou as exposições falando sobre questões filosóficas e psicossociais da luta da mulher negra na sociedade brasileira. Ela citou a teoria de vários autores, estudiosos na questão da desigualdade, como Máxime Molyneaux. “ Gosto muito dela, pois descreve como ninguém questões que temos que pensar”. Ela falou sobre conceitos importantes de Identidade e encerrou garantindo que a solidariedade intra-grupos é fundamental na discussão sobre gênero e sexismo.




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