quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Na bancada do Roda Viva com Martinho da Vila no 16 de agosto

Eu "numa" RODA VIVA com Martinho da Vila: segunda-feira, 16 de agosto, foi o dia do meu aniversário. Justamente o dia de Obaluaye no calendário afro-religioso, por força da associação com o calendário católico, que celebra São Roque, o santo que protege das pestes, das doenças contagiosas, dos inválidos etc... pra completar o orixá ancestral da família Alexandre, por isso celebramos todos os dias... E olha onde eu fui parar? Para uma sambista e jornalista forjada no samba e nas questões das religiosidades, expressões e heranças africanas o convite para entrevistar Martinho da Vila soou como um presente e um grande axé (àlãfíà!).
Para além das polêmicas, eu confesso que foi um misto de sentimentos, ao me ver naquela bancada. Eu não parava de refletir sobre como esse país é imensamente devedor com o povo negro. Martinho da Vila, que foi uma das trilhas sonoras da minha infância, da "minha" casa de bamba, um gênio extraordinário, no alto dos seus 83 anos, nunca ter sido o centro daquela roda. Podem imaginar? Pois eu não parei de pensar um só minuto. Aí veio a pergunta sobre a associação das escolas de samba com jogo do bicho e com milicias, para o entrevistado errado!!!, como um mero reflexo dos imaginários que ainda criminalizam e demonizam as expressões afro-brasileiras, mas não questionam a estrutura racista e genocida que nos atacam historicamente, enquanto ressignificamos opressões e violências direcionadas diariamente pra nós negros e negras. E ninguém pergunta ou, pelo menos, nos responde quando vão parar de nos matar! Martinho da Vila com sua arte, intelectualidade e elegância tem nos ensinado a sobreviver nesse pesadelo e a "curar" nossas feridas por meio da sua musicalidade. Martinho da Vila também é filho de Obaluaye. Ele também é um "velho curador". Ato tô! Gratidão Martinho! Sua benção! Por Claudia Alexandre - 17/8/2021

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