Dona Ivone Lara ganha mostra e é destaque no Itaú Cultural

A partir deste sábado, dia 16 de maio, parte da história da grande dama do samba, Dona Ivone Lara, poderá ser vivenciada através de objetos, fotos, instrumentos musicais, vídeos, entrevistas e depoimentos de muita gente famosa que foram reunidos para homenagear os 94 anos de idade, da primeira mulher a compor um samba-enredo, e fazer parte da ala de compositores da Escola de Samba Império Serrano. Essa e outras passagens da carreira de sucesso de Yvonne Lara da Costa (seu nome verdadeiro) está na 23ª. Ocupação que o Itaú Cultural dedica a grandes nomes da cultura brasileira. Uma homenagem mais que merecida, que ficou sob a responsabilidade do cantor e compositor baiano, Tiganá Santana, que assina a curadoria da mostra. O artista conta que para contar uma história tão emocionante ele teve dificuldade, principalmente ao se deparar com a riqueza da vida da sambista. “Assim que recebi o convite viajei para o Rio de Janeiro e passei um dia inteiro com ela e foi muita emoção”, confessa Tiganá, que decidiu sugerir uma montagem que partisse do aniversário de 94 anos de Dona Ivone e compor uma trajetória que circulasse por todas as “Ivones”, pensando no momento em que o público tomasse contato com tudo que compõe a carreira da mulher, negra, que conquistou o sucesso por que sempre foi além do seu tempo. “Fazemos uma grande reverencia, elevando Dona Ivone Lara ao topo, como uma grande sacerdotisa, desde o início como enfermeira, arte-terapeuta, compositora, com os amigos e com a família que a antecedeu, os mais velhos”. Entre os destaques está o formato da mostra, que levará o público de forma circular tomar contato com o “reino” de Dona Ivone, que atualmente com a saúde debilitada se locomove por cadeira de rodas, mas fez questão de confirmar a presença na abertura do evento. “Ela agradeceu muito e está emocionada com a homenagem”, disse o curador. O público deve ser preparar para se emocionar. Na entrada, antes de atingir os cinco núcleos da Ocupação, está instalado um estandarte bordado com o nome da sambista, símbolo das primeiras organizações carnavalescas, remetendo ao Prazer da Serrinha (entidade que antecedeu a atual escola Império Serrano), com um pote de cerâmica, remetendo ao espaço sagrado e à crença aos ancestrais, nas cores amarelo, dourado, símbolo de sua deusa Oxum. Todo o piso está estampado com palavras tiradas das canções de sucesso: “Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho”. As paredes foram confeccionadas em renda e cortinas com pinentes de acrílico. Ao passear pela Ocupação se ouve depoimentos, entrevistas exclusivas da artista e logicamente sua voz entoandos sambas que se tornaram clássicos como “Sonho Meu”. Tiganá diz que cada núcleo, cada objeto foi pensado como uma reverência à grande dama. “Ela é a grande sacerdotisa, aqui no centro temos o altar com o cavaquinho, instrumento dela, ele aqui no centro com as quartinhas em volta e as velas acesas significa o sagrado que não se sapara das manifestações culturais e do samba que ela tão bem representa. É a nossa cultura ancestral, que só encontra razão porque está ligado diretamente ao sagrado”, define. Outros dois núcleos mostram a família “os mais velhos”, como os pais, os tios e uma foto de Ivone menina,; e finaliza com um painel onde estão fotos de Dona Ivone Lara com grandes nomes de sambistas e parceiros como Clementina de Jesus, Alcione, Elza Soares, Jorginho do Império, Roberto Ribeiro, Clara Nunes, Nelson Sargento, Caetano Veloso, Jair Rodrigues e Délcio Carvalho e eterno parceiro de tantos sucessos. O painel está entre duas paredes de flores e rendas, onde os visitantes poderão deixar recados e oferecer sua homenagem para compor o cenário florido. A Ocupação Dona Ivone Lara termina no dia 21 de junho, fazendo uma justa homenagem a um dos grandes nomes da nossa musica popula brasileira, aliás como diz Nelson Sargento em um dos depoimentos que podem ser ouvidos na mostra: “se a música tivesse outro nome seria Dona Ivone Lara”. Samba para Dona Ivone A "Ocupação Dona Ivone Lara" traz também uma programação musical, com roda de samba, shows na rua e no palco da Sala Itaú Cultural. No sábado (16), às 12h e 17h, uma roda realizada pelo Samba Virado traz doze sambas de sucesso da cantora e compositora. O grupo é composto por Edinho Almeida (voz e violão), Mestre Nico (percussão), Ricardo Perito (cavaco), Tiganá Macedo (percussão) e Victor Eduardo (percussão). No domingo (17), às 19h, Fabiana Cozza interpreta canções do curador Tiganá Santana inspiradas na obra de Dona Ivone Lara, que serão reunidas em um álbum. Ocupação Dona Ivone Lara Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149. Estação Brigadeiro do Metrô. Tel.: (11) 2168-1776 e 2168-1777. www.itaucultural.org.br.