segunda-feira, 8 de julho de 2024

XV Seminário Tumba Junsara Redescobrindo sua história: Injila é o caminho em São Paulo

O centenário terreiro de candomblé Tumba Junsara, fundado no ano de 1919, na cidade de Salvador, na Bahia, por Manuel Ciríaco de Jesus (Tateto Neludiamungongo) realizou a décima quinta edição do evento que tem como objetivo reconhecer sua família extensa, representada por centenas de outros terreiros espalhados pelo Brasil. Liderado pela mametu Dya Nkise, Nengwa Mesoeji (Iraildes Maria da Cunha) realizou no dia 22 de junho, no auditório do Museu Afro Brasil (Parque do Ibirapuera), através da ABENTUMBA (Associação Beneficente de Manutenção e Defesa do Terreiro Tumba Junsara) o XV Seminário Tumba Junsara Redescobrindo sua história: Injila é o caminho. Foi a primeira vez que o evento foi realizado na cidade de São Paulo, a última edição ocorreu no Rio de Janeiro. . O evento contou com convidados especiais e certificação dos terreiros que reivindicaram filiação Tumba Junsara de São Paulo.  A abertura contou com as saudações do superintendente do IPHAN, Danilo de Barros Nunes e da representante do Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil, Simélia de Araujo.   A mesa temática foi anunciada pelo Tata Nzambia Bandanguame (Nzo Maza Kisimbi Junsara), representante da comissão organizadora do evento, com:  Tata Nzingue Lumbondo (Diretor da Abentumba), que abordou o tema “‘ixi’ , uma reflexão sobre a divisão fundiária para as religiões de matrizes africanas”; Dra. Claudia Alexandre (Ebomi de Oxum, sacerdotisa do Templo da Liberdade Tupinambá) pesquisadora de cultura e religiosidades afro-brasileiras, com “Sofia Mavambo, o matriarcado e mpambu njila” e sobre a seu livro Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô...; Dra. Regina Barros Goulart (Kota Mulanji), “Projeto 1279 – Makota Valdina” e “Ancestralidade e o Fonsampotma”; Dr. Anivaldo dos Anjos (Idafro e JusRacial), “Legislação e proteção em casos de racismo religioso” e   Tata José Ricardo da Cruz Vaz,do Abassa Dianganga Njila Mavile, que falou sobre Encruzilhadas (Njila).
. Cientista da Religião, Claudia Alexandre, comentou a importância do Seminário Tumba Junsara, Redescobrindo sua história, para a tradição congo-angola no Brasil . Por muito tempo a contribuição e riqueza dos povos centro-africanos, do chamado grupo bantu, foi subestimado pelos estudos afro-brasileiros, principalmente suas práticas tradicionais, de onde originaram a partir do século XVI-XVII batuques, zungus, calundus, cabulas, capoeiras, sambas, jongos e, em especial, os candomblés Angola-Congo, no nordeste, com registros no final sec XVIII e os cultos das macumbas e omolocô, cujos traços negro-africanos se mantiveram na constituição da Umbanda no sudeste no sec. XIX, se manifestando em sua complexidade por varias partes do Brasil, apesar das violências simbólicas e do racismo sistêmico.  . Bantu não é etnia, é um grupo linguístico forjado pela colonização europeia. Por isso a deturpação nas narrativas que desconhecem a diversidade étnica: saberes, falares, costumes e religiosidade deste grupo, que têm suas heranças como matriz dos candomblés congo-angola.  . No processo escravista os ciclos econômicos são registros da chegada do grupo ioruba-oyó (sudaneses), somente a partir do século XVIII, com outra riquezas de diversas culturas, costumes, práticas rituais e relações com o sistema de dominação, entre eles a formação dos candomblés do complexo yorubá-nagô. .  São riquezas e ressignificações de um legado civilizatorio que é resultado de lutas, resistências, dores, mortes, violências e negociações, que emergiram da Diáspora negra. Da elaboração, tecnologia, inteligência e energia vital de nossos ancestrais africanos, aqui no BRASIL, por isso matriz africana. Sem esquecer dos entrelaçamentos de saberes com os povos indígenas, os negros, donos da terra.  . Foi uma honra falar de Injila, resgatar a memória de dona Sofia Mavambu, sobre meu livro Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô: sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés, que passa pelas práticas dos grupos bantu, além de ouvir a sabedoria dos mais velhos e a potência do XVI Seminário Tumba Junssara Redescobrindo sua História Terreiro Tumba Junsara Nguzu!

sábado, 6 de julho de 2024

Marcha Noturna pela Democracia Racial é o segundo episódio da web série Liberdade ou Morte...

Com narrativas antirracistas sobre a história social da cidade de São Paulo, a web série “Liberdade ou Morte: histórias que a história não conta”, projeto realizado pelo Instituto Tebas de Educação e Cultura, lançará no próximo dia 12 de julho, o segundo episódio com o título Marcha Noturna pela Democracia. A programação terá início às 18h, com concentração na Praça Antônio Prado (Centro) com caminhada até à sede do Sindicato dos Bancários (Rua São Bento, 413 – Edifício Martinelli), onde às 19 horas haverá leitura de crônicas, fruição do ensaio fotográfico, seguidos de exibição do documentário e debate sobre o tema.
O episódio narra a 26ª. Edição da marcha, um dos marcos do protesto negro no Brasil contemporâneo, realizada anualmente na cidade de São Paulo, desde 1997. Em meio ao percurso da Marcha Noturna pela Democracia, permeado por falas do escritor Abílio Ferreira e por canções puxadas pelo Jongo dos Guainás, Abou N’Gazy Sidibé, Júlio Cézar e Cinthia Gomes, brotam significados deste evento histórico por meio de depoimentos de protagonistas da marcha como Padre Enes de Jesus, Gilson Negão e do saudoso Flávio Jorge. As narrativas – visuais, fotográficas e textuais – desta edição retrata o movimento que nasceu em dia 13 de maio de 1997, quando pessoas saiam às ruas em silêncio, vestidas de preto com tarjas brancas, segurando velas acesas, protestando contra a celebração do 13 de maio e reivindicando o 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, como o feriado da Consciência Negra. A web série Liberdade ou Morte: histórias que a história não conta é composta por sete episódios e foi lançado dia 21 de junho, data de nascimento do abolicionista negro, Luiz Gama, com o episódio Caminhada Luiz Gama Imortal. Os próximos títulos serão: Cerco Indígena a Piratininga; Cortejo em Memória de Chaguinhas; Marcha das Mulheres Negras; Marcha do Dia da Consciência Negra e Movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai. Todos os vídeos estarão disponíveis no site: www.institutotebas.org.br Ficha Técnica Episódio 2 – Marcha Noturna Pela Democracia Racial (2021, 27’, cor, 1080p) Direção, roteiro, edição e finalização: Alexandre Kishimoto Câmera: Caio Castor, João Leoci e Alexandre Kishimoto Som: Vera Longo Identidade visual: mercurio.studio Motion graphics: Marcela Banduk Composição e concepção da trilha sonora original: Aloysio Letra Direção musical: Aloysio Letra e Ravi Landim Arranjos: Ravi Landim Edição: Ravi Landim e DJ Negrito Música: Tiririca no Saracura (compositor: Aloysio Letra) Intérpretes: Voz principal - Luana Bayô Percussão - Edvan Mota Violão de 6 cordas - Ravi Landim Violão de 7 cordas - Helô Ferreira Clarinete - Laura Santos Backing vocals - Aloysio Letra, Ravi Landim e Helô Ferreira Mixagem e Masterização: DJ Negrito Técnicos de som: Edvan Mota e DJ Negrito Coordenação Geral: Abilio Ferreira Produção Executiva: Vera Longo, Abilio Ferreira e Alexandre Kishimoto Narrativas Textuais: Abilio Ferreira Narrativas Fotográficas: João Leoci Designer Gráfico: Danilo de Paulo Webdesigner: Beatriz Oliveira Assessoria de Imprensa: Central de Comunicação - Claudia Alexandre e Camila Gonçalves Assessoria Jurídica: Shigueo Kuwahara Uma produção: Esquisito Filmes Realização: Instituto Tebas de Educação e Cultura Apoio: Mandato da vereadora Luana Alves “São Paulo, Farol de Combate ao Racismo Estrutural” (Secretaria Municipal de Relações Internacionais).